Se até 1996 Belo Horizonte ocupava o 16º lugar entre as capitais mais violentas do país, não é com orgulho que hoje ostenta o 4º lugar nesse ranking do terror. O aumento da criminalidade violenta é preocupante e exige mais do que medidas reativas dos organismos policiais ou o recrudescimento das penalidades legais. "É necessária uma gestão comunitária e participativa da segurança, com o envolvimento de outros atores no desenvolvimento das estratégias de prevenção e combate à violência", defende Robson Sávio Reis Souza, secretário executivo do Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), órgão da UFMG voltado para a elaboração, acompanhamento de implementação e avaliação crítica de políticas públicas na área da justiça criminal. Em duas mesas-redondas sobre o tema Sociedade Civil e Segurança, marcadas para quinta-feira, 18 de março, às 8h30 e às 19h, no auditório da Reitoria, no campus Pampulha, representantes do Crisp pretendem apresentar aos calouros da UFMG as atividades desenvolvidas pelo órgão, único centro da América Latina que, além das análises teóricas, também formula e implementa políticas públicas na área da segurança. "Extrapolamos o universo da análise acadêmica", diz Robson Sávio, ao citar programas do Crisp que são modelo no país, como o Geoprocessamento da Violência, que emprega tecnologia para o mapeamento do crime e a otimização dos recursos de segurança pública; os Conselhos Comunitários de Segurança Pública, com gestão comunitária e participativa; e o Programa Controle de Homicídios Fica Vivo, estratégia que envolve organizações não-governamentais, Universidade e comunidade na elaboração de estratégias para a redução de homicídios, principalmente de jovens envolvidos com o tráfico de drogas nos aglomerados mais violentos de BH e de outras cidades mineiras. Segundo Robson Sávio, o Crisp oferece ao poder público mecanismos de enfrentamento da questão, "e isso pode ser dividido com os calouros, já que a violência não é um tema pontual de uma ciência específica, mas transdisciplinar", comenta. O Crisp é integrado por pesquisadores da UFMG e de órgãos públicos envolvidos com o combate à criminalidade.