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O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, disse nesta segunda-feira, em palestra realizada no Salão Nobre da Faculdade de Medicina da UFMG, ser "inadmissível que exista no Brasil alguém que ainda não tenha acesso ao sagrado direito às refereições diárias". Patrus foi convidado pela Universidade a ministrar a aula inaugural para a primeira turma do recém-instalado curso de Ciência da Nutrição. Ele falou para um auditório de que faziam parte a reitora Ana Lúcia Gazzola e diretores de Unidades Acadêmicas, além de outras autoridades universitárias e da área de saúde.
O Ministro foi saudado pela reitora da UFMG, que justificou o convite, "pela razão óbvia" de que o curso inagurado tem forte analogia com as atividades exercidas pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Ela manifestou ainda a esperança de que, à frente da pasta, Patrus Ananias, com uma atitude "guerreira", possa implementar políticas sociais que correspondam às expectativas da sociedade brasileira.
Em sua fala, o ministro destacou o fato de que nenhuma sociedade cristã deve ter tolerância com a fome. “É inadmissível que ainda haja alguém que não tenha o pão nosso de cada dia”, afirmou, lembrando a qualidade das terras brasileiras e a produção agrícola nacional e parabenizando a Universidade pela iniciativa de criar um curso “que se coloca claramente na perspectiva de um Brasil sem fome”.
Patrus classificou como essencial a criação de uma cultura que valorize o direito à alimentação de boa qualidade. Lembrando a importância de políticas, equipamentos e serviços que garantam o acesso das pessoas ao alimento “de boa qualidade”, ele classificou como “fundamental” a educação para a alimentação. “Esse curso irá contribuir no sentido de se criar essa cultura e também educar as pessoas para que possam aproveitar bem os recursos disponíveis para isso”, analisou.
Ao se aprofundar no tema segurança alimentar e no Programa Fome Zero, o ministro respondeu aos críticos de políticas assistencialistas. “É hora de ‘dar o peixe’, para promover o desenvolvimento dos cidadãos que estão abaixo da linha da pobreza. Mas é claro que pretendemos também ‘ensinar a pescar’, mas primeiro é preciso dar o primeiro passo”, concluiu.
Para a reitora Ana Lúcia Gazzola, por sua concepção arrojada e multidisciplinar, o curso de Ciência da Nutriçao da UFMG preenche uma lacuna cuja importância é estratégica, “desde o ponto de vista do próprio avanço do conhecimento, em suas inúmeras interfaces, até a questão da agenda nacional, no momento em que o Brasil luta contra uma exclusão emblematizada pela questão da fome”.
Comemorando a verba de 600 mil reais, liberada pelo Ministério da Educação para a construção dos laboratórios do curso, anexo ao edifício da Escola de Enfermagem, seu diretor, professor Francisco Lana, lembrou o compromisso histórico de sua unidade, desde 1933, quando foi criada, de trabalhar em prol da justiça social e econômica e contra toda a injustiça nesse país”.