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O Secretário de Educação Superior do Mec, Nélson Maculan Filho, afirmou hoje que a implantação de um orçamento global para as universidades públicas é uma das prioridades da reforma universitária. Segundo ele, a atual determinação de gastos prejudica o funcionamento das universidades. "Hoje, os reitores estão engessados em verbas rubricadas, que já têm destino determinado a priori", criticou. A proposta de Nélson, que esteve na UFMG para participar das discussões em torno da reforma universitária promovidas pelo Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior de Minas Gerais (Ipes), é tornar o orçamento uma questão particular de cada universidade. "Elas precisam ter autonomia para definir como preferem ou devem aplicar seus recursos". Na opinião do secretário, despesas com pagamentos de aposentadorias não devem fazer parte do orçamento das universidades. Maculan reconheceu que os orçamentos das universidades federais estão defasados. "Há cerca de seis anos, o volume de recursos não se altera", observou. Segundo ele, é preciso pensar a autonomia, mas também atentar para as deficiências orçamentárias. O secretário lembrou que educação é coisa cara. "É caro investir em pesquisas, laboratórios. É caro tirar o aluno das atividades apenas de sala de aula. Mas muito mais cara é a ignorância", comparou, sem titubear na convicção de que educação é dever do Estado. O secretário da Sesu disse que a reforma universitária, em linhas gerais, é a procura à resposta do que queremos de nossas universidades. "As discussões estão começando em diversos segmentos sociais e esperamos que cada qual traga contribuições que nos ajudem a melhorar a universidade". Dentre as possíveis melhoras, Maculan aponta a ampliação do número de vagas nas instituições federais. "Há uma estagnação na oferta que precisa ser modificada", advertiu, ressaltando que, hoje, as universidades estaduais oferecem mais vagas que as federais. A reforma universitária não deverá ser apenas orçamentária, mas também de conteúdo, para o secretário. "Devemos saber que profissionais formamos e quais queremos formar", disse. Segundo Maculan, a reforma vai em busca de uma nova formação, mais afinada com os desafios contemporâneos. "O aluno precisa conhecer sua região, seu país. Entretanto, ele não pode descartar o plano internacional. A formação deve ser ampla. Nossos títulos precisam ser internacionais". Avaliação UFMG De acordo com a reitora, os grupos mineiros de trabalho reunidos na UFMG concluíram que o sistema federal de ensino superior deve ser referência nacional. "Estamos reunidos para elaborar contribuições ao debate promovido pela Andifes e vamos levar as conclusões de 14 instituições mineiras aos encontros nacionais".
De acordo com o secretário, a reforma universitária deverá também definir o que a sociedade espera das universidades privadas. "A educação é um bem social, não comercial. Então, é preciso haver critérios de funcionamento das escolas privadas", argumentou. Para Maculan, é necessário criar métodos eficientes de avaliação do funcionamento tanto de instituições públicas quanto privadas. "Não uma avaliação punitiva, mas construtiva", defendeu. Para ele, isso equivale a responder o que se quer para o futuro do ensino superior.
A reitora da UFMG, Ana Lúcia Gazzola, afirmou que a reforma universitária é uma metáfora. "A universidade sempre deve estar em transformação em conformidade com as demandas sociais", explicou. Para ela, no que tange a UFMG, uma das grandes questões da reforma universitária é a democratização do acesso e a inclusão social. "Para nós, o modelo mais adequado é a criação dos cursos noturnos, que representam acesso e inclusão social", defendeu a reitora. Segundo ela, há também um esforço de interiorização da UFMG. "É o que procuramos fazer em Montes Claros, onde nos inserimos de maneira temática, criando cursos do ramo agrário, para a transformação da região".