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Entre os dias 24 e 26 de maio, o Museu de Ciências Morfológicas da UFMG expõe, durante o 3º Seminário Internacional Sociedade Inclusiva, que acontece na PUC Minas até 28 de maio, a coleção A célula ao alcançe da mão. Destinada a pessoas com deficiência visual, a exposição reúne 52 modelos tridimensionais e em relevo, representativos das estruturas do corpo humano. Coração, rim, pulmão, aparelhos reprodutores, intestino, células, tecidos e organelas estarão disponíveis em textura e relevo, tal como no organismo humano, o que facilitará a assimilação de suas formas pelos cegos. A iniciativa foi desenvolvida pelo Museu de Ciências Morfológicas do ICB e faz parte de sua política de inclusão. "O ensino da morfologia exige material pedagógico de forte apelo visual", diz Maria das Graças Ribeiro, diretora do Museu. A coleção do Museu pode facilitar as aulas ministradas ou assistidas por portadores de deficiência visual. Todo o processo de construção das peças foi acompanhado por estudantes cegos, o que garante que o toque realmente revele as estruturas humanas. As primeiras peças foram desenvolvidas, em 1989, para permitir que um aluno deficiente visual, do ICB, pudesse acompanhar as aulas práticas. Naquele ano, Luiz Edmundo Costa, hoje Fisioterapeuta do Hospital das Clínicas da UFMG, freqüentava as disciplinas de Citologia e Histologia Geral. Ele sentia dificuldade em "compreender" as imagens observadas pelos estudantes ao microscópio. Junto com a professora Maria das Graças, imaginou uma série de alternativas que pudessem solucionar o problema. Daí surgiram desenhos em alto relevo e peças de cortiça, que contribuíram muito com a formação do aluno. À época, ele até assumiu a monitoria da disciplina, auxiliando colegas que haviam ficado em exame especial. "Aquele era o único jeito para que eu entendesse as imagens de células e tecidos. Por causa dos desenhos e das peças, fui muito bem na disciplina. Fico feliz ao saber que o projeto teve continuidade", diz Luiz Edmundo. Propriedade intelectual da UFMG, o projeto está registrado no escritório de direitos autorais da Biblioteca Nacional. Por meio de uma parceria com a Secretaria Estadual de Educação, a coleção está sendo apresentada e testada em escolas da capital. "Os modelos parecem brinquedos, tornando o aprendizado mais prazeroso e, principalmente, inclusivo", diz Maria das Graças.