Quem conhece o trabalho de Guto Lacaz não imagina que sua trajetória tem se dado a partir de “más companhias”. O artista, que ministra esta semana no Festival a oficina Introdução à escultura cinética ou mecânica básica para artistas, conta que caiu no mundo das artes por acidente: “Eu era um arquiteto desempregado que encontrou ‘más companhias’”. Pessoas como eu, que faziam coisas interessantes, mas não conseguiam vendê-las. Cada amigo foi me dando uma contribuição preciosa. Fazendo descobrir novas formas de atuação.” Dessa forma, o artista descobriu que poderia transitar pelas mais diversas áreas, em especial pela ciência. “Os artistas, de modo geral, têm medo da ciência e acabam se esquecendo que, se ela for bem administrada, pode se tornar um poderoso instrumento de expressão”, explica. Ele acredita que o meio deve ser elemento de suporte da idéia. Assim, Lacaz trabalha reunindo seus conhecimentos de engenheiro eletrônico, arquiteto, artista plástico, performer, designer, e, em especial, humorista. Oficina Lacaz ainda realizará uma palestra sobre a face designer de Santos Dumont. A paixão pelo inventor é uma outra herança de uma “má companhia”. “Um amigo que tem por hábito ressuscitar artistas esquecidos me apresentou um livro sobre Dumont. Fiquei encantado com sua trajetória”. (Renata Lobato)
Na oficina, o artista pretende fornecer aos alunos uma reflexão sobre o trabalho com o movimento. Para isso, traz as três principais máquinas da mecânica - alavanca, polia e plano inclinado- como forma de instrumento. “Gostaria que os alunos saíssem daqui com a percepção de que é possível fazer uma arte dinâmica seguindo estes princípios.”