"A morte de Laterza representa uma grande perda para a UFMG. Ele foi um dos grandes intelectuais de sua geração, referência obrigatória na filosofia e nas ciências humanas em geral. Não fui sua aluna, mas tive a felicidade de participar de várias palestras e seminários que contaram com sua presença. Ele era uma figura intelectualmente muito instigante", disse sobre Moacyr Laterza reitora da UFMG, Ana Lúcia Gazzola. Seu companheiro de geração, o professor Fernando Correia Dias assim se expressou sobre o falecimento de Laterza: "Perco um grande amigo e a filosofia perde um profundo conhecedor da arte colonial brasileira. Laterza foi um filósofo importante para a expansão dos conhecimentos da arte. Ele inclusive ajudou a fundar o Laboratório de Estética da Fafich, um espaço importante para a pesquisa e a disseminação da arte". O também filósofo e professor Rodrigo Duarte reconhece que "a importância de Laterza foi muito grande. Ele foi o precursor dos estudos de estética na UFMG e, junto com sua ex-aluna, Sônia Viegas, fundador do Laboratório de Estética da Fafich. Por mais que o trabalho que fazemos hoje seja diferente do que ele realizava, pelas próprias circunstâncias do momento, nós o reconhecemos como grande iniciador dos estudos nessa área". Trajetória Na UFMG, ingressou na carreira docente em setembro de 1955, tendo se aposentado como professor adjunto em fevereiro de 1986. Além de filósofo, foi também poeta, tradutor e crítico e é autor de diversos trabalhos nos terrenos da filosofia, da poesia e da crítica de arte. Entre suas realizações mais importantes, está a idealização e criação, em 1969, do Laboratório de Estética da Fafich, com o qual pretendia dinamizar as aulas de Estética e História da Arte. Entre as atividades do Laboratório, estavam a programação de aulas-espetáculo acompanhadas de projeção de slides, música, exposição de artes plásticas e poemas-catarses. Laterza dirigiu o Laboratório de Estética da Fafich em duas ocasiões. A primeira, entre 1970 e 1976, quando deu início às atividades de pesquisa, visando à organização de acervo bibliográfico e fotográfico do Laboratório, sobre alguns aspectos da gárgula barroca mineira, Aleijadinho e o "barroco da Alegria", estilo neoclássico na arquitetura e na escultura ornamental de Belo Horizonte, A gestalt imaginária do barroco e atividades de extensão, figurando entre elas a participação nos Festivais de Inverno da UFMG, em Ouro Preto, com cursos de Cultura Brasileira e Estética. Voltou à direção do Laboratório de Estética entre 1981 e 1984. Nesse período pesquisou os chafarizes de Minas Gerais e a promoveu a documentação das atividades artísticas de Belo Horizonte, nas áreas de música e artes plásticas.
Moacyr Laterza, que será velado amanhã no Parque da Colina
Foto: Gualter Neves / Estado de Minas 2-11-1999
Ainda segundo Rodrigo, "na época em que foi fundado, a proposta do Laboratório de Estética era a de interação com as áreas artísticas e com o pessoal da história da arte. Laterza aposentou-se em 1989 e em 1990, quando cheguei da Alemanha e fiz concurso para professor, uma de minhas prioridades foi reativar o Laboratório de Estética, que passou a atuar mais voltado para a pesquisa e a pós-graduação. Mas desde os anos 90, vimos procurando recuperar a proposta original, promovendo uma reaproximação com as áreas artísticas".
Moacyr Laterza nasceu em Uberaba em 23 de setembro de 1928. Bacharelou-se em filosofia pela Faculdade de Santa Maria. Licenciou-se em Filosofia pela UFMG. É mestre em Filosofia pela Universidade de Notredame, nos Estados Unidos, e doutor pela Universidade de Temple, também nos EUA.