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Na tarde desta sexta-feira, 15 de abril, foram firmadas parcerias de cooperação técnico-financeira entre UFMG, Centrais de Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), Fundação Christiano Ottoni (FCO) e Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep). Assinaram os convênios, no valor de R$ 1 milhão, com recursos do Fundo de Desenvolvimento Tecnológicos (FDT), a reitora Ana Lúcia Almeida Gazzola, o diretor de Projetos Especiais e Desenvolvimento Tecnológico e Industrial da Eletrobrás, Aloísio Vasconcelos; o superintendente da FCO, Márcio Ziviani, e o diretor executivo da Fundep, José Nagib Cotrim Árabe. A iniciativa pretende estimular o desenvolvimento de ações que busquem eficiência energética e hidráulica em projetos de saneamento, residências e edifícios. Laboratório Além da aquisição de equipamentos, a parceria busca benefícios como o desenvolvimento de projetos de graduação e mestrado, capacitação de pessoal, realização de cursos de extensão, palestras a conscientização dos consumidores para que reconheçam a importância da economia de energia e da água. Durante a solenidade de assinatura dos convênios, Aloísio Vasconcelos falou de sua emoção em retornar à UFMG, onde formou-se em Engenharia e lecionou até 1995, para promover parceria tão importante e útil ao Brasil. Além disso, falou de seu interesse por ampliar o intercâmbio: “Precisamos de mais parcerias com a Universidade. Neste momento, assumo o compromisso de buscar o desenvolvimento de vários outros projetos com a UFMG”, disse o diretor. Ele também ressaltou os esforços de planejamento do atual governo para evitar problemas como a crise de racionamento, ocorrida em 2001 no país. “As iniciativas no campo da energia devem nos trazer tranqüilidade, e não problemas”, completou. Por fim, Aloísio Vasconcelos chamou a atenção dos presentes para a importância de Minas Gerais no cenário nacional, estado, que, em sua visão, andava esquecido. “A Eletrobrás é, hoje, um pouquinho mineira”, disse. Ajuda à pesquisa Durante a cerimônia, a professora também apresentou aos participantes uma série de números preocupantes sobre a educação no Brasil, e, mais especificamente, em Minas Gerais. Entre outros, destacou o índice brasileiro de cobertura de matrículas no ensino universitário: apenas 9% dos jovens entre 18 e 24 anos estão numa universidade. “Em Minas Gerais, os números caem para 7%. Esses números precisam mudar”, ressaltou. Em seguida, a reitora revelou aos presentes alguns dos índices de atuação UFMG nas áreas de pesquisa, ensino e extensão. Hoje, a Universidade é responsável por cerca de 54% dos estudos científicos produzidos em Minas Gerais. Anualmente, cerca de 6 milhões de pessoas são atendidas pelas iniciativas extensionistas da Instituição. “Como podem ver, a UFMG não é uma torre de marfim. A Universidade é um patrimônio público”, completou. Coordenadora do projeto Capacitação laboratorial em eficiência energética e integração de técnicas de automação residencial e predial, beneficiado com a parceria entre UFMG, Eletrobrás e Fundep, a professora Carmela Maria Polito Braga comentou, na cerimônia, que o convênio auxiliará a capacitação de laboratórios e o desenvolvimento da pesquisa. Segundo ela, o departamento de Engenharia Eletrônica optava, com os recursos de então, por estudos mais simples. “A partir de novas tecnologias de automação, podemos investir na pesquisa de edifícios inteligentes, com eficientização de energia. Trabalhamos no projeto com essa perspectiva”, disse. O professor Carlos Barreira Martinez, coordenador do Centro de Pesquisas em Hidráulica e Recursos Hídricos (CPH), onde funcionará o Laboratório de Eficiência Energética e Hidráulica em Saneamento (LENHS), disse de sua satisfação em participar da solenidade em que uma empresa pública reafirma a importância da universidade para o desenvolvimento do país. “A Eletrobrás entende que a UFMG pode auxiliar a busca de melhorias para o Brasil”, disse. O diretor da Escola de Engenharia da UFMG, professor Ricardo Nicolau Nassar Koury, também ressaltou a importância do LENHS para o sudeste brasileiro. Eficientização A planta-piloto do laboratório prevê a construção de simulador de rede de distribuição de água residencial e industrial. “Nesse simulador poderemos fazer todos os testes e mostrar as ações necessárias para o uso mais racional. Estimativas revelam que no processo de distribuição de água há uma perda de 50%, o que é um desperdício enorme. Nosso desafio é desenvolver estudos que permitam melhorar esse desempenho”, explica um dos coordenadores do projeto, Marco Túlio Correia de Faria. O CPH, coordenado pelo professor Carlos Barreira Martinez, desenvolveu a planta- piloto do laboratório, que também será construída nas universidades federais do Pará (UFPA), Paraíba (UFPB), Mato Grosso do Sul (UFMS) e Paraná (UFPR), por meio do Procel. “A eficientização dos sistemas de abastecimento é uma das grandes preocupações atualmente. É necessário economizar não apenas água, mas também a energia elétrica gasta no processo de distribuição”, completa o professor. Segundo ele, numa segunda fase também serão feitas pesquisas com o sistema de esgotamento. Automação Segundo a pesquisadora, por meio da automação residencial e predial é possível trabalhar quatro dimensões: segurança, controle de acesso de pessoas, eficiência energética e conforto ambiental. As duas últimas, particularmente, permitem vários tipos de ações para redução de gasto de energia elétrica. “Para a eficientização energética, podemos testar vários tipos de controle, como painel solar para aquecimento de água, a instalação de filtros de água de chuva para uso em banheiro e garagem, sensores em áreas comuns para evitar que lâmpadas fiquem acesas na ausência de pessoas. Nosso foco é fazer a ligação entre estratégias e técnicas de automação predial e residencial com técnicas de eficientização energética”, finaliza.
Os convênios prevêem a implantação, na UFMG, do Laboratório de Eficiência Energética e Hidráulica em Saneamento (LENHS), além da capacitação de técnicos e pesquisadores do Laboratório de Automação e dos estudantes de engenharia em aspectos de eficiência energética em residências e edifícios. O financiamento dessas ações é parte do Programa de Conservação de Energia Elétrica (Procel) da Eletrobrás.
Em seu depoimento, a reitora Ana Lúcia Gazzola ressaltou que os convênios irão auxiliar a UFMG no desenvolvimento de pesquisas fundamentais para o Sudeste brasileiro. “A busca de parcerias é muito importante para nós. Precisamos abrir portas, para que a UFMG, como sempre fez, dê respostas às demandas sociais”, disse.
O LENHS é um laboratório interdepartamental que reúne pesquisadores das engenharias elétrica, eletrônica, mecânica e hidráulica, coordenado pelo Centro de Pesquisas em Hidráulica e Recursos Hídricos (CPH). O objetivo é que ele se torne um centro de referência para controle, operação e monitoramento de redes de fornecimento de água, oferecendo treinamento a técnicos e operadores das empresas fornecedoras.
Já o projeto de Capacitação Laboratorial em Eficiência Energética e Integração de Técnicas de Automação Residencial e Predial tem o objetivo de pesquisar procedimentos que reduzam o consumo de energia elétrica ou garantam o seu uso mais inteligente. “Para isso, é necessário capacitar o Laboratório de Automação para que possamos formar alunos não apenas com a consciência de que é necessário ter um uso mais racional dos recursos energéticos, mas que eles saibam aplicar as técnicas de automação para esse fim. Mudar a cultura a partir do domínio das tecnologias”, explica a coordenadora do projeto, Carmela Maria Polito Braga.