"Belo Horizonte precisa desse empreendimento". A afirmação, feita pelo secretário municipal de Política Urbana, Murilo Valadares, durante audiência pública realizada ontem, 14 de julho, como parte do processo de licenciamento ambiental do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), reflete bem a avaliação favorável do empreendimento manifestada pelos participantes da reunião. De acordo com a gestora executiva do Núcleo do BH-TEC, Mariana Santos, a audiência recebeu pelo menos 150 pessoas, todas representantes das associações de bairro da região da Pampulha, do segmento empresarial, do poder público e das instituições de ensino, como a UEMG e UFMG. A reunião aconteceu na Escola de Veterinária da Universidade. Durante cerca de duas horas, os participantes puderam se informar sobre o empreendimento e expor dúvidas. Os principais questionamentos giraram em torno da segurança da região, da situação do córrego do Mergulhão e do manejo da zona de Preservação Ambiental (ZPAM), uma vez que 65% do terreno é classificado como área de preservação. Segundo avaliação de Mariana Santos, todas as dúvidas foram bem respondidas e os participantes chegaram a se manifestar favoravelmente ao BH-TEC. O BH-TEC vai funcionar em terreno da UFMG localizado próximo ao campus Pampulha, entre as avenidas José Vieira de Mendonça e Presidente Carlos Luz e o Anel Rodoviário. A área, cedida em 2004 pela Universidade para o projeto, possui 535.008 mil metros quadrados, mas apenas uma pequena parte, de 185.008 mil metros quadrados, será destinada à construção dos prédios do empreendimento. Segurança e preservação Sobre os impactos do empreendimento no meio ambiente, a executiva lembra que até o final de julho, a equipe finaliza estudos que serão entregues ao Conselho Municipal de meio Ambiente (Comam). As avaliações e propostas serão condensadas em documento conhecido como Plano de Controle Ambiental (PCA). Em junho, o BH-TEC obteve a licença prévia de implantação do Comam. Mariana Santos revela que o próximo passo é obter o licenciamento ambiental definitivo. "Devemos enviar requerimento solicitando a licença na segunda semana de agosto, quando o Comam realizar sua reunião mensal", informa Santos, lembrando que a equipe está bastante otimista com o processo. "Desde o início, temos tido a preocupação em atender todas as exigências dos órgãos reguladores", esclarece. Condomínio pioneiro O Parque é uma iniciativa da UFMG e da prefeitura Municipal de Belo Horizonte e conta com a parceria do governo do Estado, da Federação da Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e do Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-MG). Até o momento, o projeto recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) De acordo com o gestor executivo do BH-TEC, Francisco Horácio, a previsão é que as obras de construção da infra-estrutura e dos prédios do Parque, a cargo da Prefeitura Municipal, comecem no final deste ano. O custo total previsto é de R$ 80 milhões. A primeira construção vai receber o prédio da administração do BH-TEC. As demais edificações vão abrigar os laboratórios de pesquisas das empresas, comércio e outros serviços para servir a região do Parque Tecnológico. O local pretende se tornar referência nacional para pesquisas. A expectativa é que a implantação do BH-TEC seja finalizado em dez anos, ao custo total de R$ 500 milhões.
"Os moradores da região temem pela saída do Posto da Cavalaria da Polícia Militar, instalada no terreno", informa a Mariana Santos. Ela ressalta, no entanto, que os empreendedores também compartilham dessa preocupação e que o problema deverá ser solucionado, pois a UFMG já está em negociação com o Estado, visando definir nova localização para o Posto. "O nosso interesse é que a área conte com uma boa segurança, sem que isso implique em se fechar para o mundo", completou Santos.
O BH-TEC está sendo licenciado sob a forma de condomínio de uso não-residencial. Nessa modalidade, é o primeiro empreendimento em vias de ser aprovado em Belo Horizonte. Ele vai abrigar laboratórios de pesquisa, empresas de serviço e outras, cujo produto final seja baseado em tecnologia avançada - como as do setor de biotecnologia e de tecnologias de informação. A expectativa é que o empreendimento promova benefícios permanentes, como a geração de emprego e o aumento da renda em Belo Horizonte e região metropolitana.