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A cooperação internacional na área da educação é bem-vinda desde que realizada entre pares, respeitando os projetos de cada sociedade e as diversidades regionais e nacionais. Esta a opinião expressa pela reitora Ana Lúcia Gazzola, em nome da UFMG e do Ministério da Educação (MEC), na manhã desta quarta-feira, ao abrir o 2º Encontro Tuning América Latina, que trouxe a Belo Horizonte representantes de instituições de ensino superior do Brasil, da América Latina e da Europa (veja o discurso na íntegra) Financiado pela União Européia, o projeto Alfa Tuning América Latina realiza estudos comparativos das habilidades dos currículos das áreas de administração, educação, matemática e história, e pretende aperfeiçoar as estruturas educativas da América Latina. Representando na reunião o Secretário de Educação Superior do MEC, Nélson Maculan, Ana Lúcia Gazzola reiterou “a confiança na possibilidade de construção de projetos para a América Latina e o Caribe, que se apóiem em valores éticos e humanistas”. A reitora reafirmou o papel estratégico da educação superior e disse acreditar na construção de um espaço em nosso continente, que pode se estender à Europa, mas advertiu que o Brasil não aceitará “propostas que venham de cima para baixo”. E completou: “como pares, como iguais. É deste lugar que conversaremos com a União Européia”. Redes Após o discurso de abertura, o coordenador do Alfa Tuning América Latina, professor Pablo Benetoni, apresentou dados sobre avanços no Projeto. À tarde e nos próximos dois dias, o encontro prossegue, com a reunião de grupos de discussões, no Conservatório UFMG. Avaliação “A tarefa a ser enfrentada pelo Brasil na área de educação superior é grande e complexa, e seria inaceitável prescindir da educação privada, mas é preciso que se exija alto grau de qualidade”, afirmou. A reitora falou ainda da grande evolução na pós-graduação brasileira e ressaltou que 84% das pesquisas no país são realizadas no sistema público de ensino. Ela comentou ainda a proposta de reforma da educação superior que transita atualmente no Congresso brasileiro, afirmando que o projeto luta pela expansão do sistema público e pela normatização da educação superior como um todo, “sustentado fortemente na avaliação, com critérios de qualidade, e em um projeto de nação”.
A Reitora ressaltou o papel das redes universitárias, através das quais pode haver o diálogo entre instituições de vários continentes, com base nos princípios da solidariedade e da reciprocidade. “Podemos fazer todas as parcerias e sempre é possível pensar aproximações curriculares, mas a partir de um lugar constituído com autonomia, e ouvindo cada país sobre as próprias prioridades estratégicas”, disse.
Ana Lúcia Gazzola traçou um quadro da educação superior no Brasil e citou grandes problemas do país, como o baixo índice da população matriculada nos cursos universitários – menos de 12% - e o desequilíbrio entre o crescimento de vagas nas redes pública e privada.