Com 1,52m de envergadura de asa, o pequeno Rambo está pronto para voar. "Ele é um guerreiro", explica o estudante da UFMG, Rodrigo Sorbilli, capitão da equipe responsável pelo desenvolvimento da aeronave, que, a partir dessa sexta-feira, 23 de setembro, ganha os ares em São José dos Campos para concorrer na 7ª SAE Brasil Aerodesign - considerada a mais importante competição de aeronaves no segmento estudantil. O grupo da UFMG, conhecido como Uai Sô Fly, reúne 16 estudantes de engenharia mecânica, com especialização em aeronáutica, e vai concorrer com outras 59 equipes de universidades brasileiras. O vencedor da etapa nacional ganha o direito de representar o país na SAE Aerodesign East Competition, em 2006, nos Estados Unidos. De acordo com Sorbilli, o primeiro classificado na última edição internacional da Aerodesign coube à equipe brasileira da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Limitações Além desse desafio, a equipe da UFMG deverá superar limitações impostas a todos os participantes, pelo regulamento da competição, como decolar utilizando apenas 61 metros da pista e pousar em até 122 metros. As equipes concorrentes devem, ainda, utilizar o mesmo motor e obedecer a limites de envergadura da asa, tendo como objetivo levar a maior carga possível. Comumente, o vôo, com essas regras, alcança cinco metros de altitude e é considerado crítico. Todas as manobras acontecem por meio de rádio-controle. Biplanos "Foi preciso recorrer a teorias dos anos 30 e 40 e fabricar protótipos para verificar a viabilidade delas", relata Sorbilli. Os aviões biplanos, ou de duas asas, eram os modelos mais comuns nas primeiras décadas da aviação. Devido a restrições dos materiais disponíveis, não se conseguia produzir asas compridas. Os desenvolvedores compensavam, então, fabricando aviões com duas asas curtas. De acordo com Sorbilli, a grande vantagem de participar da competição é a abertura de oportunidade para estudantes desenvolverem projetos completos de aeronaves, que abarcam desde o esboço e a construção até o teste em vôo. "Isso permite desenvolver o domínio de teorias e verificar se funcionam, ou não", explica. Disputas "Esse é um projeto de ensino extra-classe que complementa a aprendizagem de engenharia e permite aos estudantes desenvolverem habilidades de gestão de projeto, relações interpessoais, além de liderança e capacidade de trabalhar em equipe", diz Cimini. O foco na aprendizagem aliado à qualidade de ensino do curso da UFMG tem apresentado bons resultados em competições anteriores. Das seis edições da Aerodesign, a Universidade conquistou cinco vezes a primeira colocação na modalidade Melhor projeto. Além dessa performance, os estudantes conquistam alto conceito em sua área de atuação. "Eles são disputadíssimos pelo mercado", confirma Cirmini. O trabalho da equipe Uai Sô Fly conta com o apoio institucional da Escola de Engenharia e do departamento de Engenharia Mecânica, além da Fundep e da Reitoria. O custo de construção dos aeromodelos foi calculado em cerca de R$ 3 mil. A competição se encerra no domingo, 25 de setembro.
A cada ano, a competição Aerodesign estabelece regras novas, que constituem desafios técnicos para as equipes participantes. Em síntese, elas definem limites, ou referências, para a performance das aeronaves, que devem voar carregando o maior peso possível. O recorde mundial é de 9,5 Kg. Essa carga, considerada alta para as dimensões dos pequenos aviões é a meta de Rambo, na competição de São José dos Campos.
"A alternativa técnica que encontramos para atingir nossos objetivos e atender a regra tão restritiva para envergadura da asa foi desenvolver aeronave biplana", explica Rodrigo Sorbilli. Ele revela que a opção gerou nova dificuldade, pois não existe referência bibliográfica para o desenvolvimento dessa modalidade de aeronave.
A avaliação sobre a importância do projeto para a formação profissional é compartilhada pelo engenheiro mecânico Carlos Alberto Cimini, professor da UFMG e coordenador pedagógico da equipe.