A equipe Uai-Sô-Fly, reunindo 18 estudantes do departamento de Engenharia Mecânica da UFMG, foi a campeã na Classe Regular da VII Competição SAE Brasil AeroDesign, encerrada neste domingo, dia 25, no Centro Técnico Aeroespacial (CTA) em São José dos Campos, São Paulo. Rambo, a aeronave da equipe, obteve 185,77 pontos, ao carregar 9,08 quilos, e foi seguida pelo avião na mesma categoria, da equipe Tucano, da Universidade Federal de Uberlândia, que carregou 8,97 quilos e, com isso, obteve 160,81 pontos. Rambo obteve, ainda três menções honrosas nos itens melhor projeto, eficiência estrutural e maior peso. A VII Competição SAE Brasil AeroDesign reuniu 52 equipes, formadas por estudantes de 43 faculdades de Engenharia de dez estados brasileiros, além do Distrito Federal e da Venezuela, de um total de 61 equipes inscritas. As equipes vencedoras ganharam o direito de representar o país na SAE Aerodesign East Competition, em março de 2006 nos Estados Unidos, onde o Brasil já é conhecido pelo talento na modalidade. De acordo com o estudante da UFMG e integrante da Uai Sô Fly, Alvim Rios, a equipe deverá, agora, buscar patrocínio para viabilizar a viagem aos Estados Unidos. Atualmente, eles recebem recursos da Fundep, fundação de apoio à pesquisa da UFMG, e das empresas HST, Tevel e JR Racing. Os interessados em realizar parceria com o projeto devem entrar em contato com o grupo através do telefone (31) 3409-5075. Expandindo limites Com 1,52m de envergadura de asa, o pequeno Rambo foi qualificado como "guerreiro" pelo capitão da equipe da UFMG, o estudante Rodrigo Sorbilli. A AeroDesign é considerada a mais importante competição de aeronaves no segmento estudantil. A cada ano, seus organizadores estabelecem regras novas, que constituem desafios técnicos para as equipes participantes. Em síntese, elas definem limites, ou referências, para a performance das aeronaves, que devem voar carregando o maior peso possível. O recorde mundial é de 9,5 Kg. Além desse desafio, a equipe da UFMG superou limitações impostas a todos os participantes, pelo regulamento da competição, como decolar utilizando apenas 61 metros da pista e pousar em até 122 metros. As equipes concorrentes utilizaram, ainda, o mesmo motor e tiveram de obedecer a limites de envergadura da asa, tendo como objetivo levar a maior carga possível. Comumente, o vôo, com essas regras, alcança cinco metros de altitude e é considerado crítico. Todas as manobras acontecem por meio de rádio-controle. Biplanos "Foi preciso recorrer a teorias dos anos 30 e 40 e fabricar protótipos para verificar a viabilidade delas", relata Sorbilli. Os aviões biplanos, ou de duas asas, eram os modelos mais comuns nas primeiras décadas da aviação. Devido a restrições dos materiais disponíveis, não se conseguia produzir asas compridas. Os desenvolvedores compensavam, então, fabricando aviões com duas asas curtas. De acordo com Sorbilli, a grande vantagem de participar da competição é a abertura de oportunidade para estudantes desenvolverem projetos completos de aeronaves, que abarcam desde o esboço e a construção até o teste em vôo. "Isso permite desenvolver o domínio de teorias e verificar se funcionam, ou não", explica. Disputas O foco na aprendizagem aliado à qualidade de ensino do curso da UFMG tem apresentado bons resultados, verificados em competições anteriores. Das seis edições da Aerodesign, a Universidade conquistou cinco vezes a primeira colocação na modalidade melhor projeto. Além dessa performance, os estudantes conquistam alto conceito em sua área de atuação. "Eles são disputadíssimos pelo mercado", confirma Cirmini. (Com assessoria de imprensa da SAE Brasil)
Para o major brigadeiro do CTA, Adenir Siqueira Viana, a Competição SAE Brasil AeroDesign tem enorme valor, pois ajuda a despertar a importância da aeronáutica entre os estudantes. “Os participantes vêm apresentando excelentes projetos e a gente vibra quando eles conseguem voar, pois estão no limite. Além disso, é bom lembrar que Santos Dumont começou com um projeto assim e se tornou o Pai da Aviação”, comentou o major brigadeiro do CTA.
"A alternativa técnica que encontramos para atingir nossos objetivos e atender a regra tão restritiva para envergadura da asa foi desenvolver aeronave biplana", explica Rodrigo Sorbilli. Ele revela que a opção gerou nova dificuldade, pois não existe referência bibliográfica para o desenvolvimento dessa modalidade de aeronave.
A avaliação sobre a importância do projeto para a formação profissional é compartilhada pelo engenheiro mecânico Carlos Alberto Cimini, professor da UFMG e orientador da equipe. "Esse é um projeto de ensino extra-classe que complementa a aprendizagem de engenharia e permite aos estudantes desenvolverem habilidades de gestão de projeto, relações interpessoais, além de liderança e capacidade de trabalhar em equipe", diz Cimini.