Universidade Federal de Minas Gerais

Cláudio Nadalin
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O mineiro Silviano Santiago, ex-aluno destaque da UFMG, é um dos condecorados deste ano

Silviano Santiago recebe a Ordem do Mérito Cultural

quinta-feira, 3 de novembro de 2005, às 11h46

O escritor Silviano Santiago, ex-aluno destaque na UFMG em 2001, recebe dia 8 de novembro, terça-feira, a medallha da Ordem do Mérito Cultural 2005, em cerimônia programada para o Palácio do Planalto, em Brasília, ocasião em que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado do ministro da Cultura, Gilberto Gil, fará a entrega das insígnias. Ao seu lado, outras 33 personalidades de destaque na vida cultural brasileira, além de cinco instituições, receberão a comenda.

A Ordem do Mérito Cultural foi instituída pelo Ministério da Cultura, em 1995, por meio do Decreto n 1.711 de 22 de novembro de 1995. Seu objetivo é tornar público o empenho de cidadãos e cidadãs que, de maneira significativa, destacaram-se na prestação de serviços à cultura brasileira. Essa será a 11ª edição da condecoração que, neste ano, celebrará dos mais importantes temas da atualidade, diversidade e cidadania.

Homenageado
Um dos mais notáveis escritores brasileiros contemporâneos, Silviano Santiago é mineiro de Formiga, onde nasceu em 1936. Graduou-se em Letras pela UFMG, em 1959. Destacou-se em Belo Horizonte, no final da década de 1950 e início da década de 1960, como crítico de cinema, vinculado ao Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), poeta e contista.

Foi um dos fundadores do grupo Complemento, que publicou revista homônima onde veio à tona a produção intelectual da nova geração de artistas e escritores mineiros da época. Por essa ocasião, participou da antologia Quatro Poetas e publicou, em pareceria com Ivan Angelo, o livro de contos Duas Faces.

Em 1961, tranferiu-se para o Rio de Janeiro, para cursar o Centro de Estudos Superiores da Aliança Francesa e, no ano seguinte, viajou para a França, com bolsa do governo francês, para o doutorado na Universidade de Paris Sorbonne. Transferindo-se para os Estados Unidos, lecinou nas universidades de Novo México e Rutgers, e na Universidade de Toronto, no Canadá.

De volta ao Brasil, em 1974, radicou-se no Rio de Janeiro, onde lecionou na PUC-Rio e Universidade Federal Fluminense, além de exercer atividades como professor visitante em inúmeras universidades brasileiras e estrangeiras. Foi um dos criadores da Associação Brasileira de Literatura Comparada e introdutor no Brasil dos estudos comparatistas e culturalistas, e do pensamento do filósofo francês Jacques Derrida.

Escritor
Sobre seus vínculos com a academia, Silviano diz: "Gostaria de que a minha carreira profissional não fosse apreciada apenas pela relação estreita que mantive com a Universidade. Pelo contrário, espero que haja também espaço nessa apreciação para uma compreensão do papel do universitário como o de alguém que ousa, em determinados momentos, transcender os muros disciplinares da instituição".

Com efeito, a par de suas atividades acadêmicas, Silviano Santiago vem produzindo extensa obra ensaística e ficcional, que já lhe rendeu três prêmios Jabuti, além de outras premiações. É autor de Nas Malhas da Letra , Uma Literatura nos Trópicos e Cosmopolitismo do Pobre (ensaio), Stella Manhattan, Em Liberdade, O Falso Mentiroso, Histórias Mal Contadas, Keith Jarret no Blue Note (ficcção), entre outros títulos. (Leia mais sobre Silviano Santiago na Internet).

Ordem do Mérito Cultural
Essa comenda remonta a uma antiga tradição que vem desde o Segundo Reinado e tem origens no século XII, na Península Ibérica, com a Medalha de São Tiago da Espada. Estabelecida em Portugal, a partir de 1862, com o título de Ordem de São Tiago do Mérito Científico, Literário e Artístico, a insígnia chegou ao Brasil com o nome de Ordem de São Tiago – já destinada, desde então, aos cidadãos que mais ativamente se dedicavam à cultura e às artes. A atual medalha da Ordem do Mérito Cultural é uma réplica da antiga condecoração de São Tiago da Espada.

Serão condecoradas este ano as seguintes personalidades: Alfredo Bosi, crítico e historiador de literatura; Ana Leopoldina dos Santos, Ana das Carrancas, escultora; Antonio Manuel Lima Dias, artista multimídia; Antonio Jerônimo de Meneses Neto, violoncelista; Augusto Boal, diretor teatral; Augusto Carlos da Silva Telles, arquiteto; Aurino Quirino Gonçalves - Pinduca, cantor e compositor; Carlos Lopes, sociólogo; Cleyde Becker Yáconis, atriz; Clóvis Steiger de Assis Moura, in memoriam; Darcy Ribeiro, in memoriam; Eduardo Coutinho, cineasta; Egberto Gismonti, compositor e instrumentista; Eliane Lage, atriz; Henri Salvador, músico; Izabel Mendes da Cunha (Vale do Jequitinhonha), artesã; João Gilberto, cantor e compositor; José Antônio de Almeida Prado, compositor erudito; José Mojica Marins - Zé do Caixão, cineasta; Lino Rojas, in memoriam; Maria Bethânia, cantora; Mario Augusto de Berredo Carneiro, diretor de fotografia; Maurice Capovilla, cineasta; Manoel dos Reis Machado - mestre Bimba, in memoriam; Militana Salustiano, cantora folclórica; Nei Lopes, compositor; Nino Fernandes (Museu Ticuna); Olivério Ferreira - Xangô da Mangueira, compositor; Paulo Linhares, antropólogo; Roger Avanzi - palhaço Picolino do Circo Nerino; Ruth de Souza, atriz; Silviano Santiago, escritor; Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, mestre Pastinha, in memoriam; Ziraldo Alves Pinto, cartunista.

Também serão homenageados os seguintes grupos e instituições:
Museu Casa do Pontal, Rio de Janeiro; Balé Stagium, São Paulo; Grupo Bandolins de Oeiras, Piauí; Movimento Mangue Beat, Pernambuco; Circuito Universitário de Cultura e Arte, da União Nacional dos Estudantes (Cuca/UNE).