A saga da penetração bandeirante pelo sertão mineiro através das trilhas abertas pelos pioneiros desde o século 17 e as estradas rasgadas no território por seus seguidores para escoamento da riqueza durante o Ciclo do Ouro até o final do século 19, com a abertura da estrada União e Indústria, ligando Minas Gerais ao Rio de Janeiro, está relatada no livro Os Caminhos do ouro e a Estrada Real , que chega agora às livrarias. Co-editado pela Editora UFMG e a portuguesa Kapa Editorial, a obra foi organizada pelo geólogo Antônio Gilberto da Costa, professor do Instituto de Geociências (IGC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e tem três lançamentos já programados. Dia 23 deste mês, no Rio de Janeiro, às 19h na Fundação Eva Klabin (Av. Epitácio Pessoa, 2480), seguindo-se o lançamento em Belo Horizonte, 20h do dia 25, no Centro de Referência do Professor, (Praça da Liberdade, s/n). Dia 16 de dezembro será a vez de o livro ser lançado em Lisboa. Por meio de uma coletânea de ensaios, ilustrados com riquíssima iconografia histórica, o livro mostra a evolução dos caminhos de Minas a partir de documentos cartográficos e iconográficos. "Se compararmos esses caminhos com a situação das estradas de hoje, a situação pouco mudou e os problemas continuam mais ou menos os mesmos: estradas mal-conservadas e viagens inseguras", afirma o professor. Além disso, a obra traça um paralelo entre registros históricos e contemporâneos, entremeados por observações atuais. "O livro foi norteado pela idéia de justapor o histórico ao contemporâneo", explica Costa. Os ensaios Nos seus quatro ensaios, o livro aborda desde a descrição botânica dos caminhos até a sua evolução ligada à questão do ouro. Os textos também mencionam os relatos feitos por viajantes e as documentações cartográficas dessas rotas. O primeiro deles, Os caminhos para a região das minas , escrito por Antônio Gilberto Costa, traz extensa documentação que registra caminhos ou rotas de viagens para a região das minas. Um dos documentos levantados é o inédito Guia dos Caminhantes, de 1817, "talvez o o primeiro Guia Quatro Rodas do Brasil", brinca o autor, ao ressaltar a importância do documento, que contém um levantamento de vários mapas e caminhos do Brasil. A região das minas segundo relatos de Viajantes Botânicos do século XIX e de registro contemporâneo tem como autora Marilene Marinho Nogueira. A pesquisadora, do departamento de Botânica da UFMG, decorre sobre a botânica dos caminhos das minas, traçando um paralelo entre a iconografia produzida há 200 anos e as ilustrações recentes. "Tive a idéia de incluir a parte botânica no livro, quando estava de férias em Parati e percorri um trecho da Estrada Real. Na ocasião, muitos turistas levantaram questões relativas às espécies vegetais", relata Antônio Gilberto Costa. Transitar na região das minas: o cotidiano dos caminhos foi escrito por Júnia Furtado, do Departamento de História da UFMG. Esse capítulo aborda o tráfego na Estrada Real: o transporte, percalços e as dificuldades encontradas pelos viajantes ao longo do caminho. Adriana Romeiro escreveu Ouro: procura e importância - A história das Minas entre o Sertão e o Império. Aqui, a professora do departamento de História da Fafich analisa a questão da extração e da importância do ouro, a partir da perspectiva dos interesses do Brasil. Com Os caminhos do ouro segundo algumas perspectivas referentes a Portugal, Miguel Telles Antunes encerra o livro discutindo a questão do ouro no Brasil, a partir dos interesses de Portugal. Ficha Técnica
Livro: Os caminhos do ouro e a Estrada Real
Organizador: Antônio Gilberto Costa
Textos: Antônio Gilberto Costa, Max Justo Guedes, Telles Antunes, Marilene Marinho, Júnia Furtado e Adriana Romeiro.
Edição: Editora UFMG e Kapa
Preço: R$150