Universidade Federal de Minas Gerais

Eber Faioli
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Armando Vieira, líder do MST, durante solenidade de abertura do curso

UFMG tem aula inaugural de curso para professores rurais

segunda-feira, 21 de novembro de 2005, às 16h03

Apresentação teatral, música, poesia, discursos e aula inaugural do professor Miguel Arroyo marcaram, na manhã desta segunda-feira, 21, o início do curso Educação Básica do Campo: Pedagogia da Terra, na Faculdade de Educação (FaE) da UFMG. "As universidades ainda são o latifúndio, e nossa presença aqui é uma ocupação", disse Armando Vieira, membro da direção nacional do Movimento Sem Terra (MST) e um dos alunos do curso.

A reitora Ana Lúcia Gazzola concordou que estar na Universidade é um privilégio e afirmou: "Deste lugar do privilégio é possível fazer a reforma agrária do saber, ao estabelecer pontes e transformar a Universidade em um espaço onde os saberes populares e os saberes de todos os campos do conhecimento se enriqueçam e se entrelacem mutuamente".

A reitora da UFMG prometeu também levar às instâncias de deliberação da Universidade a proposta de oferecer a membros do MST o curso de graduação em Agronomia e turmas especiais do curso técnico em Agronomia, no Núcleo de Ciências Agrárias, em Montes Claros.

Licenciatura
O curso Educação Básica do Campo: Pedagogia da Terra é fruto de parceria da Universidade com Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Movimento dos Sem-Terra, o movimento social Via Campesina, e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e tem por objetivo formar professores aptos a atuarem nos ensinos fundamental e médio, em Projetos de Assentamentos criados pelo Programa de Reforma Agrária do Governo Federal.
Com uma estrutura diferenciada, a licenciatura prevê módulos presenciais e não-presencias. Ao final de cinco anos, 60 alunos terão o diploma de Licenciatura em Educação Básica do Campo: Pedagogia da Terra com atuação interdisciplinar nos ensinos fundamental e médio. Durante o curso, eles deverão optar por uma área de atuação - língua, artes e literatura; ciências sociais e humanidades; ciências da vida e da natureza; e matemática.

Gerido pela Universidade, MST e Via Campesina, o projeto de licenciatura foi elaborado no final de 2004, a partir da demanda desses movimentos sociais que procuraram parceria com a FaE. Durante o ano de 2005, o projeto foi analisado e aprovado pelas instâncias universitárias, pelo Incra e pelo Pronera.

Frutos da terra
O som da batida de enxadas e foices, instrumentos de trabalho dos agricultores, abriu a apresentação organizada pelos próprios alunos do curso Pedagogia da Terra. A performance incluiu dança e poesia, com representações dos quatro elementos - terra, água, ar e fogo - oferendas em cestos de palha com frutas, flores e grãos.

O ato se encerrou com a entrada de um casal que levava dois bebês enrolados nas bandeiras do Brasil e do MST, enquanto a platéia, formada sobretudo pelos alunos do curso, cantava o hino do Movimento. Os 60 alunos vestiam camiseta vermelha, com o símbolo do MST e das instituições e entidades que promovem o curso, e a frase "Feita a revolução nas escolas o povo a fará nas ruas", de Florestan Fernandes.

Universidade democrática
O vice-reitor Marcos Borato afirmou na ocasião que "não queria que a UFMG completasse 80 anos sem resgatar essa dívida com os trabalhadores rurais, assim como a dívida com os povos indígenas", referindo-se também ao curso de licenciatura para professores indígenas prestes a ter início.

Já a vice-diretora da FaE, professora Antônia Vitória, disse que abrigar este curso é uma obrigação social da UFMG e uma prova de que "é possível construir uma Universidade de qualidade e democrática".

Armando Vieira, do MST, relembrou o início da construção do Movimento, quando a prioridade era ampliar suas fileiras. "Depois, percebemos outras necessidades, como a produção e a educação. E hoje entedemos que precisamos construir uma educação a partir da nossa prática", disse, ao ressaltar que o curso que agora se inicia na UFMG é a 17ª turma de Pedagogia da Terra no país.

A professora Isabel Antunes Rocha, coordenadora da licenciatura pela UFMG, explicou que o Pedagogia da Terra não abre um caminho novo na UFMG, pois a instituição tem um longo caminho de diálogo com os movimentos sociais. "Este curso é uma continuidade, estamos saboreando um fruto. Mas não vamos jogar fora as sementes deste fruto, vamos tornar a plantá-las", disse, ao distribuir entre os presentes sementes de girassol, símbolo da educação no campo no Brasil.

O superintendente regional do Incra em Minas Gerais, Marcos Helênio, parabenizou a Universidade e o MST pela iniciativa, e o pró-reitor de extensão da UFMG, Edison Correa, dirigiu-se aos novos alunos, bem humorado: "Nós também vamos invadir o saber de vocês. Essa ocupação será mútua".

Falaram ainda na solenidade a coordenadora do curso pelo MST, Sônia Munhoz, o índio Emílio Xakriabá e uma representante do Diretório Acadêmico da FaE.

Aula inaugural
O professor emérito da FaE, Miguel Arroyo dirigiu-se aos novos alunos afirmando que a tônica do curso Pedagogia da Terra, na UFMG, será a de fazer a aproximação de saberes. "Tenho muita esperança neste curso, esperança de que ele produza um saber novo, humilde, que se interroga, e que nós nos deixemos interrogar, que escutemos as interrogações que vêm da dinâmica da sociedade", disse.

Arroyo afirmou que tem orgulho de ser professor da UFMG, instituição sensível para a realidade social, lembrando a opção tomada pelo programa de Pós-Graduação da Unidade, ainda na década de 1970, de se abrir aos movimentos sociais urbanos. "A maior riqueza que tivemos foram as questões que esses movimentos nos trouxeram. Mas tínhamos uma dívida para com os movimentos do campo, e ela agora está sendo saldada", contou, ao ressaltar a importância dos movimentos sociais na construção de espaços públicos.

Miguel Arroyo também disse que não basta classificar a educação como direito, uma vez que os direitos universais não podem ficar em um campo abstrato. "Eles só se tornam históricos quando os movimentos sociais os levam para a concretude de suas vidas".

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