A Faculdade de Medicina da UFMG, através do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob), realiza, nesta terça-feira, 6 de dezembro, o primeiro treinamento de urgências para a doença falciforme. Com duração aproximada de 3 horas, a aula, que contará com a presença do Ministro da Saúde, Saraiva Felipe, acontece no salão nobre da Faculdade de Medicina da UFMG (Avenida Alfredo Balena, 190 – Centro), a partir das 9 horas. Durante sua visita a Belo Horizonte, o ministro Saraiva Felipe também assina portaria que autoriza a liberação de R$ 4 milhões, destinados à compra de um equipamento de ressonância magnética para o Hospital das Clínicas da UFMG. O treinamento de urgências para doença falciforme, do qual participarão cerca de mil profissionais, entre médicos e enfermeiros, será transmitido simultaneamente, por videoconferência, em Belo Horizonte e Montes Claros. Além disso, abrangerá os municípios dos chamados Macro Centro (centralizados na capital mineira) e Macro Norte (limítrofes a Montes Claros), as duas áreas com maior incidência da doença em Minas Gerais. Na cidade de Montes Claros, a aula será assistida no anfiteatro do Hospital Universitário Clemente Farias (Avenida Cula Mangabeira, 562). Segundo o professor José Nélio Januário, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da UFMG e participante do Cehmob, pretende-se realizar outros eventos do gênero em 2006. “O Cehmob busca integrar as diversas instituições na promoção de saúde integral para o doente faciforme, que, até então, vem tendo dificuldades, principalmente com procedimentos especializados e um adequado atendimento de urgência”, explica o professor. O seminário busca treinar médicos e enfermeiros, que fazem atendimento em unidades de urgência, de modo a aplicar as condutas de um protocolo unificado, a ser discutido no evento. “Considero a iniciativa um avanço no atendimento dos doentes falciformes. Poderemos implantar o protocolo de maneira mais eficiente e abrangente do que os treinamentos presenciais convencionais”, completa José Januário. A Anemia Falciforme é hereditária e atinge, principalmente, pessoas negras e seus descendentes. Por causa das constantes transfusões de sangue ao longo da vida, alguns pacientes apresentam excesso de ferro no organismo, o que pode culminar com problemas no funcionamento de órgãos como coração, pulmões e fígado. Projeto pioneiro em nosso país, o Cehmob tem a missão de possibilitar ao doente falciforme condições para uma vida digna e com qualidade.
A doença
A Doença Falciforme é um dos distúrbios genéticos mais freqüentes no Brasil e no mundo. Ela acomete um a cada 1.400 nascimentos em Minas Gerais e é uma das doenças genéticas mais comuns no país. O quadro clínico da enfermidade é variado, mas grande parte dos pacientes têm doença crônica e grave.
Apesar da melhoria significativa do prognóstico dos pacientes, através da detecção precoce e início do acompanhamento nas unidades de saúde, ainda é necessária atenção especial para casos agudos, atendidos nas unidades de pronto-atendimento, a fim de reduzir a mortalidade pela doença. O treinamento, portanto, pretende a implantação de um protocolo simplificado, e padronizado em Minas Gerais, em todas as unidades que fazem atendimento de urgência.
O Cehmob
Após oito anos de atividades do programa de triagem neonatal para a doença falciforme, é evidente o significado da iniciativa para o prognóstico clínico das crianças diagnosticadas precocemente em Minas Gerais.
Criado a partir desta evidência, o Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob) busca implantar uma política única de atuação em Minas Gerais referente aos aspectos assistenciais, informativos e educativos sobre a doença falciforme.
O Cehmob surgiu de uma bem sucedida integração institucional, tendo como pilares o Ministério da Saúde e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), além da sustentação da UFMG, da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, da Fundação Hemominas, da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA/BH) e da Dreminas.