Eram exatamente 18h20 desta sexta-feira quando a ambulância aérea Lear Jet prefixo PT WGF pousou na pista do Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (Ciaar), na Pampulha, trazendo como passageiros os estudantes Juliana Fonseca Martins e Pablo Hendrigo Alves de Melo, vindos de Arequipa, Peru, onde permaneceram depois do acidente que vitimou um grupo de alunos da UFMG naquela cidade peruana. A reitora Ana Lúcia Gazzola e a diretora de Relações Internacionais da UFMG, Sandra Regina Almeida, se dirigiram rapidamente para o avião, tão logo ele parou na pista. Jornalistas, autoridades, parentes e amigos dos estudantes lotavam as dependências da Aeronáutica. Comovidos, muitos aplaudiram da sacada do prédio da base aérea a chegada dos estudantes. Juliana Fonseca Martins teve de ser transportada em avião especial, fretado pela Universidade, porque não pôde retornar no vôo da Força Aérea Brasileira que um dia antes trouxe a maioria dos estudantes acidentados a caminho do Fórum Social Mundial, em Caracas. Ela sofreu lesão na coluna cervical e teve de ser imobilizada para a viagem. O outro estudante, Pablo Hendrigo, que não sofreu ferimentos, também permanaceu no Peru em companhia da namorada. Pouco mais de uma hora depois, pousava também o Leaar Jet PT LJK trazendo Lucas Mota Hauck, com fratura na bacia, e sua namorada Júlia Carvalho Alves Perdigão, acompanhados do professor Jayme Arturo Ramirez, que foi ao Peru prestar assistência aos estudantes acidentados. Depois de desembaraçados dos trâmites burocráticos, os feridos foram transportados em ambulância para o Hospital das Clínicas da UFMG, onde serão submetidos a exames e depois internados. Na sua viagem de volta, os estudantes foram acompanhados por médicos enfermeiros da equipe das ambulâncias aéreas. Além da reitora Ana Lúcia Gazzola, estavam presentes ao desembarque o vice-reitor Marcos Borato, o futuro reitor Ronaldo Pena, a diretora de Relações Internacionais, Sandra Almeida, a presidente da Fundação Universitária Mendes Pimentel, Maria José Grillo, além de professores e servidores da Universidade. A equipe da UFMG foi recebida nas instalações da Aeronáutica pelo comandante do Ciaar, brigadeiro do ar Raul José Ferreira Dias, pelo tenente-coronel Luiz Fernando Rabelo Cardoso, oficiais e militares destacados para a segurança das operações. Solidariedade "O MEC nos autorizou a contratar os serviços de ambulância aérea para trazer os estudantes feridos e o Itamaraty, acionado através do ministro Luiz Dulci, nos deu apoio integral, através do corpo diplomático e do serviço consular", disse. Ela lembrou que, no Peru, os estudantes receberam também a asisstência da companhia seguradora e das autoridades locais. Para Ana Lúcia Gazzola, "isso mostra que a UFMG está no coração de todos, o que nos amina a ainda mais a apoiar nossos alunos e suas famílias nesse momento terrível. Nós estamos solidários com o sofrimento deles". Perguntada se, em função do acidente, a universidade e a Fundação Universitária Mendes Pimentel poderiam rever sua política de apoio aos eventos sócio-culturais promovidos pelos alunos, a reitora garantiu que isso não vai acontecer. "Não vejo razão para isso. Acho perfeitamente legítimo que os nossos alunos busquem complementar sua formação participando de eventos como o Fórum Social Mundial. Essa participação faz parte do desejo de contribuir para um mundo melhor, um dos valores que lhes são transmitidos pela Universidade. O que aconteceu foi uma fatalidade, mas, como disse um dos alunos que fizeram parte da caravana, não podemos ficar amedrontados com a fatalidade. A vida está aí para ser vivida e devemos vivê-la plenamente", conclui. Dever cumprido Ele informou que todos estavam muito abalados e estressados com os acontecimentos e manifestaram o desejo de retornar logo ao Brasil. Segundo Ramirez, na sua tarefa ele teve ampla colaboração das autoridades locais "que foram muito colaborativas. A embaixada do Brasil em Lima também nos deu todo apoio".
Enquanto esperavam a chegada dos aviões, a reitora Ana Lúcia Gazzola concedeu uma entrevista coletiva aos jornalistas presentes no local. Em sua fala, ela destacou a solidariedade recebida de toda a sociedade e das autoridades governamentais e universitárias no episódio do acidente sofrido pelos estudantes mineiros. Ela destacou especialmente o apoio do Ministério da Educação e do Ministério das Relações Exeteriores.
Cansado, mas aparentando muita tranquilidade, Jayme Arturo Ramirez também falou à imprensa logo depois do desembarque. Ele mostrou-se aliviado pelo fato de nenhum dos estudantes correr mais risco de vida. Mas nada soube informar sobre as ivestigações conduzidas pelas autoridades peruanas para a elucidação das causas do acidente. "Minha única missão foi dar apoio aos estudantes e trazê-los de volta ao nosso país", disse.