Expandir a cooperação na área de cultura e arte, aperfeiçoar aspectos operacionais de intercâmbio e desenvolver programas em rede, que promovam benefícios para a sociedade: em torno desses três eixos, professores e dirigentes da UFMG e da área de educação de Cuba deram continuidade, hoje, 27 de abril, à série de reuniões iniciadas entre os dois grupos na terça-feira. As discussões da manhã desta quinta-feira trouxeram à Universidade o vice-ministro da Educação Superior de Cuba, Eduardo Cruz González. Junto a reitores do país caribenho, ele se encontra no Brasil, desde a segunda-feira, participando do 2º Encontro de reitores de universidades brasileiras e universidades cubanas. Parte do roteiro de trabalho do grupo no país consistiu em realizar visitas a universidades parceiras de Cuba em projetos acadêmicos. "Coube a mim definir o destino de cada integrante da equipe. Assim, decidi que eu viria à UFMG", disse o ministro, ao revelar sua satisfação em estar em Belo Horizonte. Explicando que esse sentimento é um reconhecimento tanto de caráter científico como afetivo, González afirmou que a UFMG é uma universidade líder nas relações com Cuba. Sempre demonstrando bom-humor, ele definiu a universidade mineira como grande e forte, mas que, surpreendentemente, se comporta com modéstia e honestidade. Logo mais, explicou essa característica como própria dos latino-americanos: "praticamos a anti-virtude", refletiu, "mas isso não é um defeito". Universalização Ele disse que, já em 2007, duas experiências-piloto, relativas à mobilidade de estudantes de engenharia e de licenciatura, devem ser colocadas em prática. "O objetivo é que as instituições desenvolvam colaboração multilateral, submetendo programas à Alcue". De acordo com o reitor, o novo espaço deverá favorecer a formação dos estudantes, abrindo portas em outros continentes. "Essas propostas, no entanto, deverão ser mais debatidas pela comunidade", disse Ronaldo. A mesma necessidade de imprimir feição mais abrangente às parcerias com o Brasil foi manifestada pelo vice-ministro da Educação de Cuba. De acordo com ele, é preciso desenvolver relacionamentos de múltiplos benefícios nessa área. "Queremos privilegiar uma relação e projetos que tragam diferença qualitativa e promovam maior impacto social, econômico e tecnológico tanto para o Brasil como para Cuba", afirmou, destacando a necessidade de instituições dos dois países trabalharem para ampliar e efetivar seus contatos e objetivos em todas as áreas do conhecimento. Novos passos nesta direção serão dados pelo grupo, que pretende renegociar com a Capes, a ampliação de projeto em desenvolvimento com a UFMG na área de Veterinária. Junto a professores da universidade, eles pretendem buscar financiamento para pesquisa e transferência de tecnologia na área. Até o momento, os acordos cobrem apenas custo de intercâmbio de professores. Cultura Para o vice-ministro, a inclusão da arte e cultura nos acordos entre os países cumpre dois papéis importantes. "A edição de livros, por exemplo, permitiria que experiências dessa relação e da produção cultural ganhem permanência", disse. Além do fator memória, ele observou que, se o intercâmbio de técnicas entre países e pessoas pode ocorrer a distância ou através de mídias, as relações interculturais exigem proximidade. "Em cultura e arte é preciso haver encontros", frisou. De acordo com o reitor Ronaldo Pena, os grupos da UFMG interessados em desenvolver parcerias nessas áreas deveriam apresentar projetos à Diretoria de Relações Internacionais (DRI). Após a avaliação da DRI, explicou Pena, a Universidade poserá dar o passo seguinte. Leia mais sobre a visita dos reitores cubanos à UFMG em reportagens dos dias 25 e 26 de abril do site da universidade.
Presentes ao encontro com o vice-ministro, o reitor da UFMG, Ronaldo Pena e vice-reitora, Heloísa Starling, reafirmaram os laços de afinidade com Cuba e a necessidade de ampliar a parceria em novas áreas, desenvolvendo projetos de caráter universalizante. Pena exemplificou com a proposta de criação de um espaço comum em educação, reunindo países da América Latina, Caribe e União Européia - a Alcue, que foi, inclusive tema de evento em Maceió, do qual participou nos últimos três dias.
Para a vice-reitora da UFMG, Heloísa Starling, a expansão dessa política deveria privilegiar também ações em cultura e arte. "É essencial a montagem de um convênio para essas áreas", disse. Ela exemplificou lembrando que, a literatura e a poesia contemporâneas produzidas em Cuba são pouco conhecidas no Brasil. "Creio que seria interessante editar uma antologia dessa produção, uma vez que a UFMG tem uma das melhores editoras do país", afirmou. Outras áreas, como cinema e música, também foram lembradas pela vice-reitora. "As possibilidades são múltiplas, em especial com Cuba, país de tantas particularidades e que, simultaneamente, expressa tantas afinidades culturais com o Brasil".