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Em solenidade que contou com a presença de aproximadamente 400 pessoas, os professores Jacyntho Lins Brandão e Wander Emediato de Souza tomaram posse, na noite da última sexta-feira, 26 de maio, nos cargos de diretor e vice-diretor da Faculdade de Letras da UFMG (Fale). Além dos novos dirigentes da Fale, integraram a mesa oficial da concorrida cerimônia a vice-reitora da Universidade, Heloísa Starling, a diretora Eliana Amarante e a vice-diretora da unidade, Verônica Benn-Idler, que cumpriram dois mandados consecutivos à frente da unidade acadêmica, de 1998 a 2002 e de 2002 a 2006. No primeiro depoimento da noite, a professora Maria Antonieta Pereira prestou homenagem às professoras Eliana Amarante e Verônica Benn-Idler. Em seu discurso, Antonieta ressaltou o avanço acadêmico da Fale nos últimos oito anos. Segundo ela, a diretoria conseguiu ultrapassar sua proposta inicial de gestão, baseada na revitalização da biblioteca da unidade. “Hoje, nossa biblioteca abriga, aproximadamente, 90 mil títulos. Ao começar pelos livros, Eliana e Verônica expandiram sua capacidade de gestão, apresentando novas propostas e estruturas organizacionais”, disse. Durante a gestão de Amarante e Benn-Idler, a Faculdade de Letras implementou grande mudança em sua estrutura acadêmica, tornando-se a primeira unidade da UFMG a extinguir a divisão departamental. “Esse modelo foi capaz de relativizar as hierarquias curriculares”, ressaltou Maria Antonieta, que, ao final de seu discurso, agradeceu às professoras pelas “bibliotecas reais e imaginárias e pelos livros de areia e de sonhos que ainda estão por vir”. Logo após o depoimento, as funcionárias Jane Lott e Tânia Mateus e os estudantes Daniel Guaraci e Maria Cristina Brandão entregaram flores às professoras Eliana e Verônica. Retrospectiva Eliana Amarante encerrou seu discurso com votos de sucesso aos amigos que agora assumem a Fale: “Queridos Jacyntho e Wander, tenho a certeza de que poderão fazer muito por nossa Faculdade de Letras”. Após o depoimento da diretora, a professora Lúcia Castelo Branco prestou homenagem à nova diretoria. Além de agradecer a Eliana a honra de poder falar aos novos dirigentes, Lúcia citou Roland Barthes para expressar seu contentamento pela posse de Jacyntho e Wander: “Se a honra pode ser imerecida, a alegria nunca o é”. Em seu depoimento, Lúcia Castelo Branco relembrou passagens da vida do escritor, do professor e do gestor acadêmico Jacyntho Lins Brandão, para, então, saudar sua ousadia em “apostar, ainda hoje, na jovialidade”. A professora também ressaltou a incansável paciência e a tenacidade do novo diretor. Para encerrar seu discurso, citou o escritor Haroldo de Campos, que, durante palestra realizada na Fale, em meados dos anos 90, comentou: “Nem só de pão vive o homem. Eu quero pão e Mallarmé”. Às palavras de Campos, que dizem da importância das letras para o bem-estar do indivíduo, Lúcia acrescentou seu desejo de que os novos diretores somem à nova experiência acadêmica, o “máximo sabor possível”. Circunstâncias Temática abordada ao longo de todo o seu depoimento, a questão das circunstâncias serviu de matéria-prima à reflexão do novo diretor da Fale: “É importante não perder de vista que há um tempo matizado. Todos os diretores desta unidade emprestaram o melhor de suas qualidades à Faculdade”. Quanto aos 8 anos de mandato de Eliana Amarante e Verônica Benn-Idler, Jachynto ressaltou o processo de modernização e as difíceis mudanças atravessadas pela Faculdade. “Sucedê-las, Eliana e Verônica, será nosso principal desafio. Recebemos uma Faculdade em pleno gás”, comentou. Além de realizar um raio-X da Faculdade de Letras - com seus 98 doutores, 10 especialistas e mestres e índices de pesquisa que ultrapassam a média de toda a UFMG -, o novo diretor ressaltou a importância da progressiva inserção dos estudantes de graduação e pós em atividades de extensão e pesquisa. Comentou, ainda, dois dos principais problemas imediatos da Fale, que necessitarão de apoio da administração central da Universidade. O primeiro diz respeito à escassez de servidores. A média atual é de um funcionário para cada grupo de 42 estudantes. Outra questão abordada por Jacyntho foi a necessidade de obras na biblioteca. Ao final de seu depoimento, o professor Jacyntho Lins Brandão comentou o significado do convívio com os estudantes, que, para estudantes e funcionários, que ficam mais tempo nessa Universidade, "fazem-nos perceber o quanto somos circunstantes. Os alunos nos lembram, permanentemente, que não podemos parar”. Excelência A Vice-reitora ressaltou, ainda, a inovação da atual estrutura acadêmica da Fale, pioneira, na UFMG, da estrutura não-departamental. “O projeto original prevê que, após cinco anos, o modelo seja debatido. Sugiro que os resultados sejam avaliados interna e externamente. A experiência da Fale é de grande interesse para toda a Instituição”, ressaltou. Por fim, Heloísa comentou a importância do diálogo e do debate de idéias para o fortalecimento da Universidade. “Pensar é discordar. Eu e o Reitor Ronaldo Pena abrimos espaço permanente para o debate e a busca de soluções”, completou. Os eleitos Wander Emediato de Souza formou-se em Letras pela UFMG, em 1992. Quatro anos depois, concluiu seu mestrado em Estudos Lingüísticos na mesma Faculdade e, em 2000, o doutorado em Ciências da Linguagem, na Universidade de Paris XIII. É professor da UFMG, desde agosto de 2004. Jacyntho e Wander foram eleitos com 60% de preferência dos cerca de 800 eleitores da Faculdade que participaram da consulta, em 22 de março. Eles permanecem no cargo de 2006 a 2010.
Em seu discurso de transmissão de posse, Eliana Amarante realizou rápida retrospectiva de seus dois mandatos à frente da diretoria da Faculdade de Letras: “Quando penso nesses oito anos, vêm a minha mente lembranças nítidas e atuais; algumas mágoas e muitas alegrias; muitas dúvidas e algumas certezas”. Além de revelar o processo de modernização que buscou imprimir à unidade, a professora aproveitou a ocasião para agradecer às dezenas de pessoas – estudantes, funcionários, professores e dirigentes acadêmicos - que a ajudaram a exercer o cargo com “paciência e tolerância”.
Após as palavras da professora Lúcia Castelo Branco, Jacyntho Lins Brandão e Wander Emediato receberam flores das mãos do estudante Fernando Menezes e da funcionária Magda Brandão. Em seu depoimento de posse, o professor Jacyntho ressaltou o significado de sua atual “circunstância”, momento em que assume, pela segunda vez, o cargo de diretor da Faculdade de Letras (Fale). Ao citar Machado de Assis, o professor comentou a importância de determinadas situações, únicas na vida das pessoas: “Ao ler no site da UFMG que assumiria pela segunda vez o cargo de diretor da Fale, percebi a importância do futuro. Sei, hoje, que é importante tornar a repetição um objeto de pensamento”.
A vice-reitora da UFMG, Heloísa Starling, iniciou seu depoimento comentando a “fortuna” de estar na solenidade de posse dos professores Jacyntho Lins Brandão e Wander Emediato. A professora, então, explicou a ausência do reitor Ronaldo Pena, que se encontrava em viagem acadêmica à Itália. Em seu discurso, Heloísa ressaltou a excelência da Faculdade de Letras, unidade que, pela via da linguagem, “garante a oportunidade para que todos possam se expressar”.
Professor titular de Grego, Jacyntho Lins Brandão dirigirá a Faculdade de Letras pela segunda vez - a primeira foi no período de 1990-1994. Graduado em Letras pela UFMG, em 1977, e doutor em Letras Clássicas pela USP, em 1992, chefiou o departamento de Letras Clássicas (1983-1985), foi vice-reitor (1994-1998) e, mais recentemente, coordenou o curso de graduação em Letras (2003-2005). Foi professor-visitante na Universidade de Aveiro (Portugal), na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (França) e na Universidade Nacional do Sul (Argentina).