Os produtos MosquiTRAP e AtrAEDES, que, juntos, formam uma armadilha contra o mosquito Aedes aegypti , causador da dengue, serão adotados no controle à doença na Austrália. Os inventos foram desenvolvidos por pesquisadores do Laboratório de Culicídeos Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (ICB), coordenados pelo professor Álvaro Eiras. Além da Austrália, as armadilhas já foram exportadas para Alemanha, Cingapura e Panamá. "Esse é um produto de alta tecnologia, mas ao mesmo tempo muito simples", disse o pesquisador e secretário de Saúde da região norte da Austrália, Scott Richie, que esteve na Universidade, até a semana passada, conhecendo o invento. De acordo com Richie, sua região enfrenta um surto de dengue e a armadilha desenvolvida na UFMG poderá ajudar o governo local a enfrentá-la. Em entrevista à rádio UFMG Educativa, ele ressaltou que a principal vantagem da armadilha brasileira é que as informações coletadas por ela podem ser transferidas rapidamente por um computador portátil e disponibilizadas na Internet, para as autoridades definirem as políticas de combate à doença. O MosquiTRAP é uma espécie de vaso preto, com água ao fundo, que imita o criadouro do mosquito. Nele, é depositado o AtrAEDES , fabricado em forma de pastilhas, que liberam um odor que atrai o mosquito. "Ao entrar na armadilha, o inseto fica preso a um cartão adesivo, colocado na parede do vaso, e não consegue depositar seus ovos", explica o professor e biólogo Álvaro Eiras, coordenador do projeto. Através da análise do cartão, é possivel contar os mosquitos e coletar dados para detectar a concentração do inseto na região onde a armadilha foi instalada. As informações, recolhidas em planilhas eletrônicas pelos agentes de campo, são transferidas para um software elaborado pelos pesquisadores. "A ferramenta cria tabelas com índices entomológicos e mapas georreferenciados, que mostram as regiões afetadas", diz o professor. Segundo Álvaro Eiras, eles buscaram desenvolver uma tecnologia inovadora, eficiente, de baixo custo e que agisse no foco do problema: "Ao atacar diretamente o mosquito, impedimos que a fêmea deposite seus ovos. As larvas não se desenvolvem e a doença pode ser controlada", afirma o biólogo. Testes Patenteado pela UFMG, o método foi licenciado para desenvolvimento e comercialização através da empresa Ecovec, com sede em Belo Horizonte. "Depois de desenvolvida a tecnologia, nosso desafio foi transformar o experimento acadêmico em produto comercialmente viável", afirma o pesquisador. (Com rádio UFMG Educativa e Boletim UFMG)
Em 2003, a equipe do professor Eiras realizou o primeiro teste com a armadilha em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Comparados com a tradicional inspeção realizada pelo Ministério da Saúde, os resultados revelaram que a nova tecnologia demonstrou-se mais sensível na detecção de locais infestados. "Nosso método é mais eficaz porque acompanha a população dos insetos durante todo o ano. Realizamos leituras semanais, enquanto o método utilizado atualmente determina os locais infestados, por meio da contagem de larvas, apenas quatro vezes ao ano", diz Eiras, ressaltando a necessidade da agilidade do processo.