Capacitar e formar multiplicadores culturais em Diamantina e região, esse foi o objetivo do seminário Cultura e Desenvolvimento realizado entre os dias 11 e 15 de julho, dentro da programação do 38º de Inverno da UFMG. Na manhã do último dia do seminário, o presidente da Comissão Técnica de Avaliação de Projetos (CTAP) da Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, Rômulo Avelar, falou sobre a Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Segundo Avelar, a malha burocrática pode levar as pessoas a se perderem e não conseguir os financiamentos, mas ela é necessária para impedir abusos com o dinheiro público. Ele destacou ainda que acredita no poder transformador da arte e da cultura, pois eles podem gerar desenvolvimento e renda para todas as pessoas. “Há recursos circulando na área de cultura e eles são crescentes, principalmente por causa das leis de incentivo, mas estão mal distribuídos”, informou Rômulo Avelar a uma platéia surpresa com o dado. Nos últimos dez anos as ações e atividades culturais no Brasil cresceram, sendo que as leis de incentivo serviram para alavancar os recursos”, disse Avelar. Profissionalização A dificuldade de captação de recursos foi um dos problemas enfrentados por Márcia Betânia, moradora de Diamantina, que já apresentou três projetos e teve todos eles aprovados, mas não conseguiu captar os recursos. Segundo ela a captação de recursos é a maior dificuldade dos projetos do interior. Rômulo Avelar, disse que a CTAP está trabalhando de forma a fazer ajustes que permitam equilibrar a realização de projetos no interior e em Belo Horizonte. A capital do estado é a campeã na apresentação e aprovação de projetos culturais incentivados. Frutos
O grande ganho dessas leis, de acordo com o especialista, é a profissionalização dos artistas e produtores culturais, que ficaram “cara-a-cara” com os empresários. Mas nem tudo são flores no setor, já que a lei trouxe também efeitos “perversos”, como a fragmentação e descontinuidade das ações, a centralização a dificuldade de captação de recursos.
Segundo o oordenador-geral do 38º Festival de Inverno da UFMG, Fabrício Fernandino, desde de 2000, quando foi iniciada a capacitação de agentes para o desenvolvimento regional por meio da cultura e da arte, bons frutos estão sendo colhidos. Em Diamantina, por exemplo, havia poucos grupos artísticos. Hoje há grupos de dança, circo, teatro e corais.
Inscreveram-se no seminário cerca de 60 pessoas, entre produtores culturais, artistas, secretários de cultura, e moradores do alto, médio e baixo Jequitinhonha. E os participantes aprovam a iniciativa. Luísa Fernandes, moradora e participante de alguns grupos artísticos de Diamantina, como “Folia da Vila”, grupo de folia de reis formado só por mulheres, disse que pretende aplicar os conhecimentos aprendidos nos grupos em que participa.
Terezinha de Jesus Costa, do distrito de São João do Chapado, compartilha da opinião da colega de seminário e disse que sua participação terá “100% de aproveitamento” no grupo cultural Quartéis Indaiá, que cultua as tradições afro-descendentes. Já o diamantinense Romário de Carvalho, pretende utilizar o que aprendeu na organização de ações culturais em Diamantina para lançar os novos artistas da região.