Mabe Bethônico expõe trabalho na Bienal de São Paulo

O trabalho da artista plástica e professora do departamento de Desenho da Escola de Belas Artes da UFMG (EBA), Mabe Bethônico, ganha o espaço da Bienal de São Paulo, agendado para o período de 7 de outubro a 17 de dezembro, no Parque de Ibirapuera. O evento, que se encontra em sua 27ª edição, é considerado um dos mais expressivos espaços expositivos da arte contemporânea mundial.

Mabe, que se formou em Artes Plásticas pela EBA, em 1991 e posteriormente cursou o mestrado e o doutorado na Royal College of Art, em Londres, relata que o "museumuseu" - trabalho que ela irá apresentar na Bienal e o qual desenvolve desde 2000 -, é antes um esquema de idéias do que, propriamente, um lugar museológico. O maior desafio, explica a artista, é transpor essas idéias para o espaço físico.

Segundo Mabe, o uso de terminais de computadores para apresentar seu projeto - já que se trata, grosso modo, de um site na internet -, está fora de cogitação. "Trabalhos interativos, em uma exposição tão grande, não funcionam. Ou você faz manutenção constante a cada hora, ou tem sua obra detonada e fechada durante grande parte da exposição", afirma Bethônico, que brinca: "Por isso optamos por fazer uma coisa no-tech, nem é low-tech, é no-tech mesmo".

museumuseu
Engana-se quem pensa que, ao entrar no site museumuseu - cujo lançamento deve ocorrer um pouco antes da Bienal -, vai encontrar um acervo ou algo que se assemelhe ao conteúdo das páginas que museus tradicionais mantêm na internet. "É um espaço-conceito e não tem a pretensão de possuir acervo, de ser um espaço físico; nesse aspecto ele explora conceitos de museu, mas usa uma estrutura museológica para ser um não-lugar, para ser um não-museu", explica.

A relação entre o ficcional e o documental, o museu e a cidade, o tempo e a palavra, são questões-chave no trabalho da artista e nas atuais discussões acerca da museologia. Foi justamente esse tema que teria motivado o convite à artista para a exposição em São Paulo: um dos eixos de curadoria da Bienal desse ano é o que dialoga com a obra do artista belga Marcel Broodthaers (1924-1976). Em Broodthaers, a questão do museu é um dos pontos marcantes de suas reflexões acerca da arte.

Em "museumuseu" a artista ressalta que se trata de um projeto abrangente que conta com o apoio da EBA, da Pró-Reitoria de Pesquisa, da Fundep e da Fapemig, além de contar com participação de alunos da graduação dos cursos de Comunicação, da Belas-Artes e da Faculdade de Educação.

Segundo Mabe, as instalações que serão apresentadas em São Paulo representarão apenas um recorte do projeto, uma vez que se trata de pesquisa que objetiva manter-se permanentemente em construção. Conheça o projeto em www.museumuseu.art.br. (Com assessoria da EBA)