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Pelo menos 600 pessoas participaram, na manhã desta quarta-feira, dia 30, da abertura da 12ª edição do Seminário de Economia Mineira. O evento, considerado o mais tradicional e respeitado fórum em sua área, está sendo sediado em Diamantina e se estende até 1° de setembro. No período, especialistas em economia, demografia e história de todo o país vão debater grande diversidade de temas oriundos de recentes pesquisas acadêmicas. A sessão solene de abertura do Seminário aconteceu às 8h30, na Casa da Glória e contou com a presença do reitor da UFMG, Ronaldo Pena, da reitora da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Mireile São Geraldo dos Santos Souza, dos diretores da Face e do Instituto de Geociências, Clélio Campolina e Cristina Augustin, dos diretores do Cedeplar e do Instituto Casa da Glória, José Alberto Magno de Carvalho e Allaoua Saadi, além do coordenador da comissão organizadora do evento, João Antônio de Paula. No início da tade desta quarta-feira, João Antônio conversou com a reportagem do sítio da UFMG sobre os trabalhos iniciais do evento: Como foi a receptiidade do público ao evento? O que você destacou em sua exposição de abertura do evento? O que o reitor abordou? Qual outro tema exposto hoje você destacaria? Quais questões específicas foram levantadas sobre a formação desse espaço? Qual a avaliaçao do evento nesse momento inicial?
Estávamos com quase 450 inscritos, na sexta-feira, mas esse número sempre aumenta, com novas inscrições além de outros participantes. Devemos ter por aqui cerca de 600 pessoas. Hoje, na abertura, o auditório da Casa da Glória estava lotado. Já tivemos uma primeira mesa-redonda e agora vamos ter as sessões temáticas, que são paralelas.
Minha fala foi no sentido de abordar o significado do Seminário para a UFMG, para o Cedeplar, sua importância, ao longo desses 24 anos, como espaço que aglutina pesquisadores e estudantes, e o seu compromissso com a região. O propósito do seminário é reunir pessoas para discutir temas relativos a Minas e ao Brasil, para tentar colaborar na superação de problemas históricos, relativos ao desenvolvimento regional e á desigualdade. Ele é o mais antigo fórum mineiro, em funcionamento, destinado a discutir os problemas de Minas. Assim, fiz questão de ressaltar o compromiosso renovado que a Universidade tem com a teoria, o conhecimento, mas que essa produção tem um destinário que é a sociedade.
A exposição dele foi muito importante no sentido de manifestar algo que para nós é muito caro: o reconhecimento, pela UFMG, do trabalho desenvolvido no Cedeplar, e o fato de a Universidade ser o verdadeiro sujeito desse processo. Clélio Campolina, José Alberto Magno de Carvalho e eu somos professores antigos da Faculdade de Ciências Econômicas e temos também uma atuação em torno dos grandes temas da Universidade. Ao fazermos esse evento em Diamantina, com o apoio da UFMG, é como se a Instituição estivesse também manifestando seu compromisso com o desenvolvimento regional. Ela tem aqui a Casa da Glória, e esse espaço importante está sendo utilizado para confirmar nosso compromisso institucional com o ensino, a pesquisa, mas também com o desenvolvimento local. A Universidade a cada momento procura se aprimorar - e tem feito isso, ela é hoje uma das grandes universidasdes brasileiras -, mas não perde nunca de vista este lado do compromisso social. O reitor falou sobre isso e essa exposição foi muito importante para a abertura de nossos trabalhos.
Tivemos uma mesa-redonda hoje, extremamente importante, sobre a formação de espaço urbano e econômico no Leste Minas-Espírito Santo. Nós tivemos quatro expositores da UFMG e do Espírito Santo falando sobre pesquisas relativas à articulação entre os dois Estados, a questão do transporte, da logística, das grandes empresas siderúrgicas e mineradoras, enfim, de todo o problema ambiental e tecnológico envolvido nisso. Essa primeira mesa-redonda suscitou em todos nós visão positiva sobre o que vai ser o Seminário. O evento está trazendo coisas novas, pesquisas muito interessantes. E esse é um espaço privilegiado de divulgação.
Há, nessa região, grupos e corporações industriais poderosíssimos instalados, como a antiga Arcelor, que hoje é a Mital, a maior siderúrgica do mundo. Uma questão abordada foi qual tipo de impacto acarretou a aquisição, pela Mital, de empresas como a Acesita, a Belgo-Mineira e a CST, no caso do Espírito Santo. O peso dessas empresas brasileiras diminuiu muito. Antes, elas eram grandes – o grupo Arcelor era menor. A Mital reúne um número maior. Isso reduz o peso dessas empresas, no conjunto da corporação e diminui o poder político também, de Minas e Espírito Santo na discussão. Então, que tipo de impacto a gente pode esperar pelo fato de haver uma empresa gigantesca controlando empresas brasileiras, sediadas em Minas? Qual desafio isso coloca para a Usiminas, por exemplo – que ainda é uma empresa nacional, -e para a própria CSN?. Enfim, discutiu-se bastante esse complexo desafio colocado por um processo intenso de globalização, e seus impactos econômicos, ecológicos e sociais.
Por essa primeira mesa-redonda que tivemos, ele certamente será um seminário muito interessante e bem sucedido ao que se propõe.