Um passo decisivo para o desenho do Mapa da Educação Superior na América Latina e Caribe (Mesalc) foi dado em reunião entre especialistas do Instituto de Estudos Superiores da América Latina e Caribe (Iesalc) e da UFMG, encerrada na tarde desta quinta-feira, dia 25, no campus Pampulha. Segundo a professora Ana Lúcia Gazzola, diretora do Iesalc, a reunião estabeleceu os grandes campos conceituais que nortearão a construção do mapa, como descrição do sistema nacional, perfil institucional, qualidade e relevância da oferta, produção e gestão do conhecimento, gestão institucional, pertinência e responsabilidade social, eqüidade e relações interuniversitárias nacionais e internacionais. "Esses campos serão transformados em indicadores que permitirão fazer mensurações", informa Ana Lúcia. A partir da definição desse modelo, acrescenta a professora, será traçada a metodologia da coleta de dados. O Mesalc pretende armazenar a descrição dos sistemas de educação superior de 33 países das duas regiões, sob a coordenação do Iesalc, em parceria com a Unesco, Ministério da Educação do Brasil (MEC) e UFMG. Reitora da UFMG no período 2002-2006, Ana Lúcia Gazzola afirma que o objetivo do Mesalc não é estabelecer um ranking, ainda que ele possa permitir comparações entre universidades ou entre sistemas nacionais de educação superior. "A intenção é ampliar o conhecimento sobre as instituições numa perspectiva de cooperação, gerando um quadro dinâmico para estabelecer interações, otimizar recursos e fortalecer os sistemas", analisa. Adesão O projeto é visto com bons olhos pelo Ministério da Educação. Presente ao encontro, o secretário interino de Educação Superior, Manoel Palácios, acredita que a iniciativa pode ajudar a estimular a cooperação entre as universidades das Américas do Sul e Central. "Ainda noto que as universidades brasileiras têm um certo perfil auto-centrista. Se queremos ampliar as possibilidades de intercâmbio, devemos nos preparar para conhecer melhor os nossos possíveis parceiros", analisa Palácios. Ele também enxerga a iniciativa como uma oportunidade para abrir frentes de estudo sobre a educação superior brasileira. "Ao contrário do que se imagina, a universidade brasileira ainda é muito pouco estudada", conclui. Além das equipes da UFMG e do Iesalc, a reunião contou com a participação de representantes da Rede Nacional da Pesquisa (RNP), do Instituto de Estatística da Unesco e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), organismo ligado ao Ministério da Educação. Participação Como a plataforma é flexível, pode ser expandida para buscar qualquer tipo de informação sobre ensino de graduação e pós-graduação, pesquisa e extensão. O Iesalc, inclusive, já recebeu autorização do MEC para utilizar o modelo da plataforma no projeto do Mapa. Detalhes do funcionamento da plataforma foram apresentados durante a reunião pelo seu arquiteto-chefe, o pesquisador Osvaldo Carvalho, do Laboratório de Computação Ciêntifica da UFMG.
O calendário de implantação do Mesalc prevê reuniões técnicas em fevereiro e março, principalmente no Brasil, que abrigará projeto-piloto, e um encontro de dirigentes de redes universitárias em abril, em Caracas. "Embora seja um projeto voluntário, é expressiva a adesão dos reitores das universidades latino-americanas e caribenhas ao esforço de construção dessa base de dados", disse Ana Lúcia Gazzola.
A UFMG foi escolhida para conduzir a parte tecnológica do projeto em função da experiência do Laboratório de Computação Científica (LCC), que desenvolveu a Plataforma de Integração de Dados das Instituições Federais de Ensino Superior (PingIFEs), sistema que possibilita o diálogo entre bases de dados distintas. O PingIfes foi adotado pelo Ministério da Educação (MEC) para operar com a coleta de dados sobre a rotina escolar dos alunos: matrículas, transferências, ingressantes e diplomados.