Universidade Federal de Minas Gerais

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Rochel Lago mostra aparas do Wet Blue

Parceria entre Ufla e UFMG investiga destinações para rejeitos tóxicos do couro

sexta-feira, 23 de março de 2007, às 8h52

Que destino tem o rejeito do couro tratado em curtumes? Lixo, claro. O que sucede depois, contudo, é pouco relatado: depositado em aterros sanitários, esse material com potencial tóxico se decompõe e contamina o meio ambiente. Para reverter esse quadro, pesquisadores da UFMG e da Universidade Federal de Lavras (Ufla) estão desenvolvendo tecnologia para solucionar o problema em escala industrial. O trabalho já rendeu uma patente nacional e mobiliza, além das duas instituições, curtumes mineiros, órgãos governamentais e agências de fomento da área empresarial e acadêmica.

A toxicidade encontrada em rejeitos de pele animal decorre da ação de um elemento químico de coloração azul – o cromo 3 –, usado no curtimento. É ele que evita a decomposição do couro e permite o seu amaciamento para transformá-lo em calçados, bolsas e revestimentos de outros produtos. O recurso é largamente utilizado em estabelecimentos do setor e substitui o tanino, curtidor vegetal conhecido há séculos, mas que produz resultados menos satisfatórios.

Apesar de vantajoso para o processamento industrial da pele, o cromo pode lixiviar-se, contaminando o ambiente. “Exposto à luz, ao oxigênio e ao calor, ele se converte em cromo 6, considerado carcinógeno”, adverte o professor Rochel Monteiro Lago, do departamento de Química do ICEx. Após essa transformação, a substância pode se infiltrar na terra, contaminando água e alimentos.

Considerada inédita em todo o mundo, a tecnologia desenvolvida pela Ufla e UFMG resume-se a um processo de retirada do cromo dos rejeitos de couro. A autoria coube ao professor do departamento de Química da Ufla, Luiz Carlos Alves de Oliveira. Detentor de patente registrada no INPI, Luiz Carlos coordena, em Lavras, pesquisas nas áreas de agronomia, veterinária e química, que podem gerar novas destinações à pele e ao próprio cromo, após o processo de separação. As linhas mais promissoras levam ao desenvolvimento de fertilizante e ração animal.

Fertilizante
“Livre do cromo, a pele do animal pode ser reutilizada graças ao alto teor de proteína existente no colágeno e que constitui fonte importante de nitrogênio”, explica Rochel. Atualmente, o colágeno é a única fonte de origem animal autorizada pelo governo para obtenção do nitrogênio necessário à produção de ração animal. Luiz Carlos avalia, contudo, que a destinação dessa proteína animal para a fabricação de fertilizante oferece maiores vantagens.

Reduzida a pó, ela substitui a uréia. “Seu diferencial reside na capacidade de liberar nitrogênio de modo controlado e gradativo, reduzindo custos e perdas para agricultores”, diz. O professor da Ufla explica que o nitrogênio presente nos fertilizantes disponíveis no mercado são muito voláteis, exigindo que os produtores apliquem porções maiores do que as recomendadas.

Na UFMG, outra etapa da pesquisa é coordenada por Rochel Lago e por sua colega de departamento, a professora Maria Helena Araújo. Eles são responsáveis pela instalação de planta-piloto, onde testam a técnica para produção em escala industrial. Instalada em Divinópolis, a planta possui 200 metros quadrados e abriga reator químico e outros equipamentos.

Sete curtumes das regiões Sul e Oeste de Minas participam da experiência. Segundo Rochel, os testes mostram que é possível extrair 30 quilos de cromo em cada tonelada de couro – a mesma concentração a 3% usada no curtimento. Toda a substância retirada da pele volta aos curtumes para reutilização. Os pesquisadores estimam que os testes devem se encerrar ainda este mês. Para Luiz Carlos, o aproveitamento da pesquisa pelo mercado é promissor. Tanto que o Instituto Inovação, empresa aceleradora de tecnologia, sugere patente internacional para o processo. “Há demanda mundial”, afirma.

O trabalho obteve financiamento de R$ 310 mil da Finep e do Sebrae. Recentemente, cerca de R$ 150 mil foram aprovados pela Fapemig.

Top de risco
O tamanho do problema ambiental causado pelo rejeito do couro é quantificado pela Central das Indústrias Brasileiras de Couro. Segundo a entidade, o país produziu, em 2004, 910 mil toneladas do material. Desse total, 10% viraram rejeitos na forma de aparas e pó despejados nos aterros. Rochel Monteiro Lago calcula que, para cada 100 quilos de pele, são aplicados três quilos de cromo.

“O volume de couro é tão grande que essa concentração de 3% representa risco ambiental”, afirma. Diversos países europeus fecharam seus curtumes e se tornaram importadores do produto. No Brasil, os empreendimentos se concentram no Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais.

Para os curtumes, a situação também é desconfortável. O couro tratado com cromo, por tomar a coloração azul, é conhecido como Wet blue. O material, segundo legislação brasileira, integra a classe 1 dos rejeitos, a mais perigosa ao meio ambiente, o que obriga seu descarte em aterros sanitários controlados. Essa modalidade, segundo Rochel Lago, não existe em Minas Gerais.

Para cumprir a legislação e obter licença ambiental de funcionamento, muitas empresas enviam seus rejeitos para São Paulo. A operação, no entanto, tem custo elevado, sendo poucos os curtumes em condições de arcar com esse processo. (Boletim UFMG - edição 1.567)

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