Sarah Teixeira Camargos, médica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), receberá nesta quarta-feira, 2, em Boston, nos Estados Unidos, o International Scholarship Award, concedido pela Academia Norte-Americana de Neurologia (AAN). (Leia mais) O prêmio, oferecido a médicos que não sejam norte-americanos ou canadenses, menores de 35 anos, e que tenham realizado trabalho de destaque no campo da neurologia, será entregue durante a 59ª Reunião Anual da AAN, que termina no dia 5. Ao todo, sete pesquisadores de países diferentes foram premiados. “Esse prêmio é muito importante e gratificante, pois passa pelo crivo da AAN. Trata-se de um prêmio curricular, de reconhecimento e não-financeiro”, disse Sarah. A academia, no entanto, banca os custos de passagens, hotel e inscrição para o congresso dos ganhadores. O trabalho premiado é resultado da tese Avaliação fenotípica e genotípica de Parkinson e distonia familiares em um ambulatório de referência em Distúrbios de Movimento, que deverá ser defendida até o fim do ano. A distonia dopa-responsiva foi descrita em 1971 e se caracteriza basicamente por uma distonia de início precoce – na infância – que começa nos pés e rapidamente se espalha para os outros membros. Pesquisa De acordo com o orientador do trabalho, Francisco Eduardo Cardoso, professor do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, existem vários estudos em andamento envolvendo pesquisadores brasileiros para a identificação das causas genéticas de doenças do movimento, como parkinsonismo e distonia. “Mas uma das peculiaridades da nossa investigação é que fizemos uma busca ativa de causas genéticas em pacientes não selecionados previamente. Isso levou à constatação de que genes e mutações conhecidas estão presentes na população brasileira, apesar da existência de novos defeitos que ainda não foram identificados”, disse Cardoso. “A descoberta que deu à Sarah o prêmio já representa isso, ou seja, mutações não descritas que causam distonia dopa-responsiva. Há outros achados, até mais significativos, que em breve estaremos em condições de anunciar”, afirmou. A fase clínica da pesquisa foi realizada no Ambulatório de Movimentos Anormais da UFMG, em Belo Horizonte. A parte experimental foi desenvolvida por Sarah em 2005 e 2006, no Laboratório de Neurogenética do Instituto Nacional do Envelhecimento, nos Estados Unidos. (Com Agência Fapesp)
“O trabalho descreve algumas mutações ainda não descritas em um subgrupo de distonia, que é a dopa-responsiva”, explica Sarah, que fez uma análise genética de seis famílias brasileiras com distonia dopa-responsiva. “A distonia consiste em contrações musculares causadas por movimentos de torção, movimentos repetitivos e posturas anormais.