A TV UFMG e a UFPR TV, emissora da Universidade Federal do Paraná, dão início nesta quinta-feira, dia 26, a uma parceria inédita que reforça a operação de uma rede de intercâmbio de arquivos digitais entre Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) e canais universitários. Nesse dia, às 13h, a TV UFMG passa a veicular o programa Scientia, produzido pela UFPR TV. O programa também será reprisado às terças-feiras, às 10h, e às quartas-feiras, às 14h. A cada mês, uma nova edição do programa será exibida na TV UFMG. O compartilhamento de conteúdo entre as emissoras universitárias de televisão é um projeto da RedeIfes, que busca democratizar o acesso à informação, ao disponibilizar arquivos de publicações eletrônicas acadêmicas – audiovisuais, documentários, músicas, fotografias, entre outros - para uso livre e gratuito, para todas as integrantes da Rede. Independência Para Carlos Rocha, a possibilidade de realizar troca de programação entre as emissoras é uma vitória da RedeIfes. Além do baixo custo, o compartilhamento de programas preserva a autonomia das emissoras e as diversidades regionais. “A gerência da rede é totalmente democrática, não interfere em nada, não diz o que cada um deve baixar; apenas monitora o tráfego, registra quais os programas mais baixados e as palavras-chave mais procuradas, de forma a gerar informações para a pesquisa”, ressalta Rocha. O coordenador da TV UFMG, Mário Quinaud, também vê a autonomia como um dos maiores ganhos da RedeIfes. “Este projeto põe por terra a idéia de que o compartilhamento de programas está necessariamente ligado à prática da chamada cabeça-de-rede, em que a emissora que oferece o programa determina quando e como as outras podem usá-lo”, explica. Qualidade Do ponto de vista técnico, a experiência vai melhorar a qualidade de compactação de vídeo, criar sistemas de busca inteligente e de alimentação com interface simplificada. Outra vantagem, lembra Quinaud, é a manutenção dos “sotaques locais”, isto é, a possibilidade de dar visibilidade ao trabalho realizado em todas as instituições, sem a padronização de determinados conteúdos em detrimento das produções regionais. “Todas as emissoras podem oferecer seus programas”, destaca Mário Quinaud. Segundo ele, a TV UFMG deverá oferecer, inicialmente, às emissoras parceiras, as produções Realidade, que tem formato de reportagem; Câmera aberta, que é uma revista eletrônica; Ponto de Encontro, programa de entrevista que trata do fazer cultural em Minas Gerais; e Paratodos, espaço para mostra de vídeos alternativos. “Faltam apenas acertos nos procedimentos técnicos, para que possamos colocar nossa produção na Rede”, prevê o coordenador da TV UFMG. Teste No final de 2006, edição anterior do Scientia serviu como teste para a nova modalidade de parceria. À época, a TV da UFPR disponibilizou o programa em três diferentes formatos, que foram baixados e avaliados pelos técnicos da TV UFMG. “Foi um teste, para verificarmos o tempo necessário e a qualidade de cada formato”, explica Mário Quinaud. “Para nós é um orgulho que o Scientia seja exibido em outras praças, pois demonstra o reconhecimento da qualidade do programa”, afirma o jornalista Eduardo Bettega, responsável pela produção, pauta e reportagens do Scientia, cujas edições semanais têm em média 30 minutos de duração. O programa também é veiculado pela emissora de TV da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bettega comenta que a veiculação do programa pela TV UFMG já gerou mudanças na produção do Scientia. “Quando conversei com o Mário Quinaud, descobri que, em vez de um único bloco, deveríamos dividi-lo em três, e nunca ultrapassar o tempo de 30 minutos. Também contratamos a estagiária Damaris Thomasini, para produzir o programa”, conta. Ele acredita que, além de gerar material suficiente para alimentar a grade de programação das emissoras universitárias, a ampliação do intercâmbio entre as universidades poderá ter um impacto sobre o modo de produção dos canais. “Poderemos ter mais investimentos, não só para aumentar a qualidade de informações, mas a própria qualidade plástica da produção”. Origem Além da oferta de programas audiovisuais, a RedeIfes pretende incentivar o intercâmbio digital de fotografias, CDs e outros conteúdos que poderão ser utilizados pelas emissoras de rádio institucionais e até mesmo em sala de aula. Rocha reitera que a gestão da rede é democrática e que a única exigência para participar do compartilhamento é o uso de login e senha de acesso, o que possibilita o controle de usuários. “Isso retroalimenta o sistema, gerando material para pesquisas e para a própria melhoria da Rede”, diz o professor. Fazem parte da RedeIfe, além da UFMG e da UFPR, a UFRS, UFRN, UNB, UFBA, UFMT, UFRJ, UFRR, UFRO, e dez estaduais, do Paraná e Piauí. Outras instituições públicas que queiram utilizar as produções disponibilizadas pela RedeIfes devem fazer contato com a gerência, pelo endereço eletrônico redeifes@ufpr.br.
Coordenado pelo professor Carlos Rocha, do departamento de Comunicação da UFPR, a RedeIfes pesquisou modelos de compactação de vídeo adequados ao tráfego na Internet, e utiliza a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), estrutura de alta capacidade que interliga as universidades federais.
Na opinião do diretor-assistente do Centro de Comunicação (Cedecom) da UFMG, Marcílio Lana, a troca de programação terá influências positivas na forma de produção de cada emissora, que poderão se concentrar mais na qualidade do que produzem, sem excessiva preocupação com a quantidade necessária para cobrir toda a grade de programação. A análise de Lana é endossada pelo coordenador da TV UFMG, Mário Quinaud: “Um programa de quinze minutos pode exigir até um dia de trabalho”.
O programa Scientia que será veiculado nesta quinta-feira trata exatamente da RedeIfes. Ao abordar a evolução da comunicação, aborda o papel das TVs universitárias e da necessidade do trabalho em rede para melhorar as grades de programação.
O professor Carlos Rocha conta que a RedeIfes surgiu como proposta em 2003, quando a UFPR sugeriu a formação de uma rede que usasse o máximo possível a infra-estrutura existente. “Esse projeto nasce em total consonância com a realidade das Ifes, e uma dessas premissas é o respeito à autonomia das Instituições e às diversidades regionais”, afirma.