Por Fernanda Cristo Felipe Zig De todas as áreas do Festival, as oficinas da área de Artes Transdisciplinares são as atividades que mais dialogam com a comunidade. Na sala da oficina Alegorias - entre o profano e o sagrado, que terminou na última sexta-feira, por exemplo, havia apenas alunos diamantinenses. O objetivo das aulas era pensar alegorias que fizessem intervenções na cidade, durante o carnaval e em eventos diversos, principalmente os religiosos. Esses objetos substituiriam as estacas de madeira que a prefeitura utiliza para bloquear a passagem de veículos por alguns espaços quando há grandes eventos na cidade. "A oficina teve uma relação mais política com o cidadão. Os alunos se articularam para enviar a proposta elaborada durante as aulas à Prefeitura", afirma o professor Raul Belém, que ministrou a oficina. Na oficina Artes e ofício - instrumentos musicais para conga e folia, todos ficaram encantados com a simplicidade, competência e criatividade de Mestre Antônio. Para a bibliotecária Elizabeth Lopes, de 44 anos, as aulas foram um banho de cultura e respeito. "Mestre Antônio nos explicou que, para pegar algo na natureza, é preciso pedir licença. Ele também nos estimulou a ajudar os colegas, quando terminássemos nossas atividades". Mesmo demonstrando boa vontade, o Mestre foi exigente com seus alunos. "Essa linha que a gente fez é bem africana. Eu falei pros alunos: não vamos tentar fazer bonito, caprichado. O importante é mostrar o passado, não adianta ser bonito se não resgata nossa história", argumenta o professor. Felipe Zig Já a oficina Tapeçaria - entre a arte e a tradição, ministrada por Joice Saturnino, acontece até o fim da semana, no distrito de Mendanha. A proposta é ensinar novas técnicas de tecelagem para tapeceiras locais, reafirmando a proposta conceitual do Festival, de ser um espaço de troca de conhecimentos. Nos Tópicos de Preservação do Patrimônio, que começou ontem à tarde, "os alunos são basicamente de Diamantina. Tem alguns de Sete Lagoas e outras cidades, mas a grande maioria é daqui”, afirma o professor Luiz Souza, coordenador da oficina. O objetivo é discutir questões conceituais sobre preservação, principalmente de bens materiais. "A idéia é refletir a experiência do Lafcor, do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor), da Escola de Belas Artes, para pensar formas de proteção do patrimônio em Diamantina", explica Souza. Atualização Na oficina de Circo, realizada há quatro anos pela mesmo equipe de professores, foi criada a modalidade atualização, voltada para oficineiros da cidade. A professora Clerinha Rocha explica que "havia um grupo de pessoas de Diamantina que buscava complementar sua formação circense durante o Festival. Então foi proposto este novo espaço na oficina, para que eles pudessem avançar". Pela manhã, jovens e adultos desenvolvem técnicas de malabares, equilibrismo, acrobacia aérea e teatro. De tarde, é a vez das crianças, de seis a doze anos, se revezarem na perna de pau, cama elástica, malabarismo, entre outras atividades. "Na primeira semana nos preocupamos em ensinar técnicas, para na segunda montar um espetáculo", completa Clerinha Rocha.
Alunas criam na oficina Alegorias - entre o profano e o sagrado
Aluno aprende com Mestre Antônio (à direita)