O professor e historiador chileno Miguel Rojas Mix defendeu hoje, em Belo Horizonte, que a missão da universidade latino-americana é formar o "profissional social", que alia destreza e solidariedade. "A união da sabedoria com as habilidades cria a sensibilidade", disse ele. Rojas Mix, ligado ao Centro Extremeño de Estudios y Cooperación con Iberoamérica, em Extremadura, na Espanha, fez a primeira palestra de hoje no Congresso Internacional de Reitores Latino-americanos e Caribenhos, no auditório da Reitoria da UFMG, no campus Pampulha. O evento foi aberto ontem à noite e pode ser acompanhado por videoconferência ou webconferência, que permite a participação do público via internet. O tema da palestra de Rojas Mix foi O Compromisso Social das Universidades da América Latina e Caribe. Considerado como um dos responsáveis pelo avanço do movimento de cooperação entre as universidades ibero-americanas, o professor afirmou que o princípio de educação de qualidade para todos é a base do compromisso social da universidade. Segundo ele, esse compromisso é amplo e abrange campos diversos como ciência, cultura, ética social, memória histórica e criação de massa crítica. Rojas Mix afirmou também que a educação é fundamental para o desenvolvimento da democracia, mas ela deve ter qualidade e eficiência. Ele enfatizou a necessidade de se combater o colonialismo cultural. "Um dos papéis primordiais da universidade é a transmissão da cultura como fator de valorização da identidade, para que não se caia na admiração imatura pelo que é novo e pelo que vem de fora", disse. Irracionalismos Ao falar da valorização do saber, Rojas Mix recomendou cuidado: a ciência pode ser tão especializada e tecnológica que se perde a paixão do conhecimento. "O saber será o grande patrimônio deste século e, provavelmente, dos próximos", previu. Rojas Mix, que detém títulos de doutor honoris causa em diversas instituições, defendeu o diálogo entre a universidade e as empresas. Argumentou que a necessidade da indústria gera a necessidade de investigação, mas ressaltou que o resultado dessa investigação deve ser aplicado de forma útil para a sociedade. Ele fez um alerta também sobre as mudanças na forma de ensinar. "Não se podem ignorar as novas formas de comunicação, como o e-learning, e que em alguns anos o estudante será diferente, obrigando-nos a substituir definitivamente a passividade do aluno pela interatividade". Parceria
Para o chileno, a universidade pública deve ser aberta e pluralista, sem discriminação de raça e religião, e marcada pela tolerância e pela defesa da cultura da paz. Deve contribuir no combate a totalitarismos e irracionalismos de diversos tipos, do étnico e do religioso ao econômico, "aquele que coloca a busca do lucro acima da preocupação com o ser humano".
O Congresso Internacional de Reitores Latino-Americanos e Caribenhos é resultado de uma parceria entre o Instituto Internacional para a Educação Superior na América Latina e Caribe (Iesalc), órgão da Unesco, a UFMG e o Ministério da Educação. O evento vai até a quarta-feira, dia 19, e tem como tema o Compromisso Social das Universidades da América Latina e Caribe.