Lucas Prates
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A relação entre a universidade e o desenvolvimento econômico e social serviu de tema para os debates, na manhã de hoje, do Congresso Internacional de Reitores Latino-Americanos e Caribenhos, realizados no auditório da Reitoria da UFMG, no campus Pampulha. A mesa-redonda denominada Universidade e Desenvolvimento teve a participação de representantes da Bolívia, do México e do Brasil. O vice-ministro de Educação Superior da Bolívia, Jorge Ramiro Tapia Sainz, abriu a discussão do dia. Ele apresentou as medidas do governo de seu país para combater as desigualdades sociais, que dificultam o acesso dos bolivianos não só às universidades, mas à educação em geral. De acordo com Sainz, a política de educação superior da Bolívia tem foco na qualidade da formação dos estudantes. “Não queremos formar empregados, queremos formar empreendedores”, declarou o vice-ministro. A difícil sintonia entre a universidade e o mercado de trabalho foi também tema da intervenção do diretor de Educação Superior Universitária da Secretaria de Educação Pública do México, Eugenio Cetina Vadillo. Ele falou sobre os avanços do país na área de educação superior. “Um índice de escolaridade alto não necessariamente garante que o estudante se incorpore ao mercado de trabalho”, alertou. O secretário executivo geral da Associação Nacional de Universidades e Instituições de Ensino Superior do México (Anuies), Rafael López Castañares, seguiu na mesma linha. “Não queremos ser fábricas de desempregados”, disse ele, ao comentar a necessidade de mudanças na educação superior, para responder às demandas da sociedade. Castañares defendeu reformas na universidade que permitam à instituição participar da dinâmica internacional sem o risco da subordinação. Insustentabilidade Foram enumerados o desequilíbrio ambiental, o desequilíbrio social e o esgarçamento dos valores de confiança entre as pessoas. Na avaliação de Itacarambi, tanto a universidade quanto as empresas têm responsabilidade na busca por uma cultura da sustentabilidade. “Seria muito bom que a universidade fosse a protagonista da mudança de cultura da sociedade, e ela tem legitimidade para isto”, afirmou o diretor do Ethos. A mesa-redonda teve também a participação do diretor-presidente do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), Clélio Campolina, um dos principais especialistas da América Latina nas questões de desenvolvimento regional. Ele defendeu a integração da América Latina e do Caribe nos campos econômico, territorial, social, político e geopolítico. Na opinião de Campolina, a questão passa pela integração dos sistemas universitários dessas regiões. Além disso, o diretor do BHTec apontou a universidade como local de geração do conhecimento, que é base para o desenvolvimento, e ainda como espaço para a universalização da ciência e territorialização da pesquisa e da inovação. A mesa-redonda foi coordenada pelo pró-reitor de Pesquisa da UFMG, Carlos Alberto Pereira Tavares. Antes, o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota, proferiu palestra com o mesmo tema, Universidade e Desenvolvimento, e falou sobre os avanços do Brasil no setor. Webconferência
Como diretor executivo do Instituto Ethos, do Brasil, Paulo Itacarambi focou o assunto de um ponto de vista diferente: o das empresas preocupadas com a responsabilidade social. Ele estabeleceu três dimensões distintas para expor seu raciocínio, classificado como cultura da “insustentabilidade”.
O Congresso Internacional de Reitores Latino-Americanos e Caribenhos termina amanhã, dia 19. A programação completa pode ser acessada no site do congresso e todas as palestras e mesas-redondas são transmitidas ao vivo, via internet, por webconferência.