Países se unem para criar agenda estratégica para a educação superior na América Latina e no Caribe

Isabela Mazão e Marcílio Lana, de Caracas (Venezuela) - Entre os dias 4 e 6 de junho, na cidade colombiana de Cartagena das Índias, acontece a Conferência Regional para a Educação Superior (CRES 2008). A reunião é apontada como o principal marco político e técnico para o ensino superior na América Latina e no Caribe. O tema que permeia todas as atividades programadas para a Conferência é o princípio no qual a educação superior precisa ser um bem público, um direito social e universal. Nesse sentido, há uma recusa à concepção da Organização Mundial do Comércio (OMC), que pretende transformar a educação superior em mercadoria.

A CRES 2008 buscará, ainda, obter dos representantes dos governos nacionais o compromisso de que a educação superior seja tratada, na região, como política de Estado, não de governo, além de avaliar o papel estratégico do ensino superior nos processos de desenvolvimento sustentável dos países latino-americanos e caribenhos.

Esta edição da Conferência Regional para a Educação Superior, evento que acontece a cada dez anos, está sendo co-patrocinada por órgãos e entidades de cinco países: Colômbia, Brasil, Venezuela, México e Espanha (veja tabela). Juntos, eles doaram cerca de 1,9 milhão de dólares para viabilizar a realização da CRES 2008, que atingiu a marca de 3.490 inscrições, integralmente gratuitas. Também apóiam o evento instituições de ensino superior, associações, editoras universitárias e órgãos da ONU (Organização das Nações Unidas).

Cooperação internacional
Para a diretora do Instituto Internacional da Unesco para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (Iesalc) e presidente da CRES 2008, Ana Lúcia Gazzola, o apoio de governos e entidades é uma demonstração clara da disposição e do interesse dos países de incluir a educação como item estratégico em suas agendas políticas. Para Ana Lúcia Gazzola, esta é uma visão crucial, pois reflete o compromisso de garantir que o conhecimento seja um instrumento efetivo de desenvolvimento sustentável.

“Novas formas de colonialismos e hegemonias podem ser determinadas por países que detêm as condições de produção do conhecimento. Esta é a sociedade do conhecimento, a sociedade em que vivemos. Nós, os países em desenvolvimento, estamos muito atrasados em relação às nações do chamado Primeiro Mundo. Portanto, precisamos nos unir e estabelecer redes de cooperação para que consigamos transformar nossas realidades sociais, historicamente marcadas pela exclusão e pela desigualdade”, explica a diretora do Iesalc.

Liderança mundial
Os participantes da CRES 2008 pertencem a 32 países de diferentes regiões do mundo: América Latina e Caribe, Américas do Norte e Central, Europa, além de representantes de Índia e da Nova Zelândia. Participam do evento 25 ministros, vice-ministros e secretários de Estado, reitores e dirigentes de instituições de ensino superior, pesquisadores e técnicos vinculados ao ensino superior, representantes de organismos internacionais e de agências de credenciamento e avaliação, integrantes de redes universitárias, Ongs e, ainda, estudantes.

A Conferência integra a agenda preparatória para a Conferência Mundial sobre a Educação Superior, programada para o próximo ano, em Paris, na França. A CRES 2008 o primeiro evento regional da agenda preparatória da próxima Conferência Mundial de Educação Superior. “Esta atitude pioneira impulsiona e estimula a Unesco a ratificar o encontro mundial e o compromisso com a educação superior”, destaca a presidente da CRES 2008.

Doações para a CRES 2008
Colômbia
Ministério de Educação Nacional: US$ 600 mil
Instituto Colciencias: US$ 75 mil
Convênio Andrés Bello US$ 10 mil
Brasil
Ministério da Educação: US$ 400 mil
Ministério da Ciência e Tecnologia/ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq): US$ 58 mil
Venezuela
Ministério de Educação Superior: US$ 270 mil
México
Secretaria de Educação Pública: US$ 250 mil
Espanha
Agencia Espanhola de Cooperação Internacional
para o Desenvolvimento: US$ 127,6 mil
Ministério de Ciência e Inovação: US$ 78 mil
Centro Extremenho de Estudos e Cooperação
com a Iberoamérica (Cexeci): US$ 23 mil
Fonte: Instituto Internacional da Unesco para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (Iesalc)