Os 130 participantes do seminário Políticas Públicas de Juventude no Transporte, realizado entre 3 e 5 de junho, na Faculdade de Educação (FaE) da UFMG, elaboraram uma carta que será protocolada na Câmara Municipal de Belo Horizonte, na Prefeitura, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais e no Governo do Estado. O evento abordou o problema do transporte coletivo e suas possíveis soluções, por meio de políticas públicas de inclusão da juventude e incentivo à educação e à cultura. O texto contempla a dificuldade dos jovens em custear o transporte para chegar às escolas e universidades. Também ressalta o preço da passagem, considerado caro pelos estudantes, e a concentração de propriedade das empresas de transporte coletivo em Belo Horizonte. Por fim, destacam o passe livre e o meio-passe como soluções para desonerar os jovens e suas famílias. O seminário Políticas Públicas de Juventude no Transporte foi organizado pelo Movimento Correnteza e pela Ames, com apoio da Diretoria de Assuntos Estudantis (DAE) da UFMG, da Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC), da FaE, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) e dos diretórios acadêmicos da Faculdade de Letras (Fale) e da Escola de Ciência da Informação (ECI). Confira trechos da carta aberta escrita pelos estudantes: “30% dos jovens param os estudos (evasão escolar) porque não têm dinheiro para pagar as passagens. E esse não é o único problema que a juventude brasileira enfrenta hoje, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou dados alarmantes: cerca de 50% dos desempregados do país têm entre 15 e 24 anos e que a tendência é que esse número cresça a cada dia.
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Sabemos o quanto o dinheiro para o transporte onera as famílias e a diferença que faria na qualidade de vida e poder de compra do povo. Talvez até os jovens não precisassem largar os estudos para trabalhar.
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Outro fato é que em BH (...) a passagem é uma das mais caras do país e é a única capital do país em que não há nenhum beneficio no transporte coletivo para os estudantes, mesmo cercada por várias cidades da região metropolitana que possuem passe livre ou meio-passe. Existe um projeto de lei na câmara municipal de BH (nº 1029/06), no qual 30% do investimento em propagandas nas costas dos ônibus garantiria a meia passagem para todos os estudantes de BH, desde o primeiro grau à universidade. No entanto, esta lei continua em discussão na câmara dos vereadores.
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Na capital, somente sete famílias são donas de todas as linhas de ônibus, geridas pela BH Trans, que circulam lotados na cidade. E é por influência dessas mesmas sete famílias que outras formas de transporte alternativos não são incentivadas e que os estudantes não têm o meio-passe.”