No segundo dia do IV Seminário Nacional do Reuni, realizado em Belo Horizonte, pelo Ministério da Educação (MEC), a pró-reitora de Extensão da UFMG e professora de Didática da Faculdade de Educação (FaE), Ângela de Freitas Dalben, participou da mesa-redonda Possibilidades, modelos e experiências de gestão acadêmico-administrativa e inter-institucional integrada, ao lado do reitor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Paulo Speller. Em sua exposição, a pró-reitora ressaltou o momento crucial vivido pela área da Educação no país, que exige atitudes urgentes, mas que garantam a qualidade do ensino. Ângela Dalben também destacou a necessidade de se qualificar o conhecimento que se tem sobre a escola básica, sobre os professores do ensino básico e sobre os processos educativos vividos nesses espaços. "Temos falta de professores ou nossos professores não querem atuar no ensino público?", questionou a pró-reitora. Dalben afirmou, ainda, que é fundamental perguntar o porquê da falta de professores no ensino básico, que pode ser pela inexistência de motivação para atuar na escola pública e pelo constante enfrentamento de situações de conflito e violência. Como experiências da UFMG na formação de professores, a pró-reitora citou a Pedagogia da Universidade Aberta, as licenciaturas do Campo e para Professores Indígenas, criadas por meio do Reuni, e o curso de Especialização em Docência na Escola Básica, contruído em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte. A apresentação enfatizou o Projeto Veredas, de formação de professores dos anos iniciais da educação básica de Minas Gerais. De acordo com Dalben, os cursos semipresenciais do projeto desenvolvido em parceria com 560 municípios e 18 instituições de ensino, entre elas, quatro universidades federais, formou quase 15 mil professores. Formação ampla Após a apresentação da professora da UFMG, o reitor da UFMT citou a experiência do programa Pró-formação, articulado com a secretaria estadual do Mato Grosso e com as secretarias municipais de Educação para a capacitação de professores das séries iniciais do ensino fundamental. Segundo Paulo Speller, o programa é anterior ao Veredas e lançou bases para a constituição do projeto em Minas Gerais. Contexto O professor criticou a qualidade de formação dos professores que atuam na escola básica; a falta de projetos pedagógicos apropriados à realidade das escolas; o academicismo da formação nas universidades, distanciado da prática escolar; e a baixa qualidade dos estágios e práticas de ensino. Segundo Paulo Barone, o professor de que o sistema de ensino básico precisa deve ter formação teórica ampla e consistente, visão contextualizada dos conteúdos programáticos de sua área de atuação, interlocução permanente com instituições que fazem pesquisa em educação e compreensão dos processos de aprendizagem. Barone destacou também a necessidade do professor ser capaz de deixar a condição de reprodutor do conhecimento e tornar-se formulador de propostas pedagógicas e materiais educacionais.
Segundo Ângela Dalben, a experiência da UFMG no Veredas apontou a importância do conhecimento amplo, que extrapola a sala de aula e se estende aos demais espaços da universidade, da cidade, do estado. "Formar professores é formar uma identidade docente complexa", disse Dalben. Para constituir essa identidade, ela destacou que é preciso qualidade de ensino, excelência na pesquisa sobre o ensino e compromisso social.
Na palestra Formação de professores: reflexões e o papel do Conselho Nacional de Educação, primeira atividade da manhã de hoje no IV Seminário Nacional do Reuni, o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora e também membro da Câmara de Educação Superior do Conselho, Paulo Barone, falou sobre o contraste na formação de bacharéis e licenciados na universidade pública. De acordo com Barone, a porcentagem de alunos de bacharelado que obtém bolsas de iniciação científica é muito maior do que a de estudantes de licenciatura. Ele destacou também o papel das instituições federais de ensino superior na formação de professores para o ensino básico, inclusive por meio de cursos a distância, já que 70% deles são formados em universidades e faculdades particulares, segundo dados da Andifes.