Filipe Chaves |
Cerca de 700 pessoas estiveram presentes hoje, na UFMG, para acompanhar conferência do cineasta americano David Lynch. Diretor de filmes como O homem elefante (1980), Veludo azul (1986) e Império dos sonhos (2006), Lynch participou do ciclo Sentimentos do Mundo, e está no Brasil também para lançar o livro Em Águas profundas: Criatividade e meditação. Ele conversou com o público, respondendo perguntas sobre as suas obras, seu processo criativo e sobre meditação, hábito que pratica há 35 anos. Iniciada no ano passado como parte das comemorações dos 80 anos da Universidade, a série Sentimentos do Mundo será prolongada até 2010, devido ao grande sucesso de público. Ao abrir o evento, a professora Maria Esther Maciel, da Faculdade de Letras, apresentou breve relato sobre a obra do diretor, que, segundo a professora, trabalha com a estética do pesadelo, dos sonhos confusos, e usa elementos como cores saturadas e ângulos fantásticos no seu processo criativo. A professora realizou, ainda, um resgate cronológico dos filmes de Lynch, citando seus primeiros curtas de animação, datados de 1966, e chegando a O homem elefante, de 1980, um dos grandes sucessos de Lynch, indicado a oito Oscars. Na sequência, o professor Heitor Capuzzo, da Escola de Belas-Artes, apresentou imagens que moldaram sua carreira como professor de cinema. De acordo com o professor, na apresentação não poderiam faltar referências ao trabalho cinematográfico de David Lynch, o que, de fato, aconteceu e inspirou uma de suas perguntas na sequência da palestra. Mundo de idéias O diretor reafirmou sua paixão pela tela grande do cinema, que segundo ele, com o som, a luz baixa e o ambiente silencioso, cria um universo paralelo, um mundo novo para onde o espectador se muda durante a exibição. Lynch acredita, contudo, que a tecnologia digital já superou a película. “O digital é mais bonito, moderno. O formato antigo produziu muitas coisas espetaculares, de que eu gosto muito, mas ficou ultrapassado. Se eu tivesse que trabalhar com ele de novo, preferiria me matar”, brincou David Lynch, pouco antes de se despedir da platéia. As próximas edições do ciclo Sentimentos do Mundo já estão confirmadas. Ainda neste semestre a UFMG recebe Danielle Mitterrand, ex-primeira-dama francesa e atual presidente da Fundação France-Libertés, e José Luandino Vieira, escritor e militante na luta pela libertação de Angola.
Mais de 700 pessoas assistiram à conferência, dentro e fora do auditório
À espera do evento, as pessoas fizeram fila que contornou o espelho d'água na parte externa do prédio da Reitoria
David Lynch respondeu a perguntas do público. O ambiente era de entusiasmo, e o que se viu foi um debate descontraído. Segundo Lynch, o ponto central de seu trabalho são as idéias. Ele diz que a primeira coisa que deve acontecer é o artista encontar a idéia que inspire e guie seu processo criativo. Para ele, o mundo é cheio de idéias e cada pessoa, com o seu modo de enxergá-lo, encontra o ponto que poderá dar o rumo do seu trabalho.