A UFMG abriu esta noite, no campus Pampulha, o 2º Encontro Nacional Rádio e Ciência, promovido em parceria com o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). O evento, que acontece até a próxima sexta, dia 26, pretende discutir a educação para a ciência por meio do rádio e contribuir para a formação nessa área de profissionais, estudantes e pessoas de diversos segmentos. A primeira edição foi realizada há dois anos, em Brasília. A programação do Encontro, que tem cerca de 250 inscritos, prevê a realização de mesas-redondas, painéis com relatos de experiências, oficinas de capacitação e espaço interativo. A noite de abetura teve palestras de Gareth Mitchell, da BBC, e Elisabetta Tola, da Rádio Nacional Italiana. Depois de dar as boas-vindas ao participantes do evento, a vice-reitora da UFMG, Heloisa Starling, revelou que descobriu com a rádio UFMG Educativa o potencial dessa mídia como ferramenta de conhecimento e cultura, marcada por baixo custo e muita agilidade. Coordenadora do Projeto República, que tem um programa na emissora, ela disse que tem aprendido muito com o rádio, incluindo a necessidade de “subverter a linguagem acadêmica para adequar o conteúdo a uma outra linguagem, desprovida de tom professoral”. Ildeu de Castro Moreira, diretor do Departamento de Popularização da Ciência e Tecnologia do MCT, afirmou esperar que a segunda edição do evento ajude o governo a traçar linhas mais claras de políticas públicas no que se refere à utilização do rádio na divulgação da ciência. Segundo ele, o veículo tem papel fundamental “para a formação de cidadãos e para a promoção de uma educação de qualidade”. O rádio, continuou Ildeu Moreira, ainda é “um meio pouco utilizado para atender à necessidade dramática de mudar o quadro da educação brasileira”. Responsável pela coordenação geral do evento, Maria Céres Pimenta Spinola Castro, diretora de Divulgação e Comunicação Social da UFMG, definiu o evento com uma ótima oportunidade, para uma emissora jovem como a UFMG Educativa – que completou três anos no último dia 6 –, trocar experiências com quem vem há mais tempo desenvolvento projetos de divulgação científica. Na Grã-Bretanha e na Itália O apresentador abordou desafios e oportunidades que o mundo digital oferece aos produtores de programas de ciência e, por meio de recursos como audioclipes, mostrou como a tecnologia fornece idéias para a elaboração do programa semanal e para a relação com o público, que ele definiu como “envolvente”. Apresentadora de programas científicos há 10 anos, Elisabetta Tola, responsável pelo Radio3 Scienza, da Itália, lembrou que trabalhar em uma emissora historicamente conectada a uma região e a uma população específicas, e dentro de um contexto político bem marcado, é uma experiência totalmente diferente daquela de produzir um programa de ciência para o público nacional de rádio. Ao abordar os efeitos de podcasts e audioblogs na produção do rádio e no trabalho diário dos jornalistas científicos, ela enfatizou a forte interatividade com os ouvintes introduzida por essas novas mídias e o impacto importante sobre o formato e o conteúdo dos programas. De acordo com Elisabetta, eles “mudam radicalmente o modo como um jornalista obtém as notícias, encontra os especialistas e se mantém informado, contruindo uma rede de contatos e relações”. Ela defende que o jornalista tem de mudar sua rotina de trabalho para manter seu programa vivo e interessante também para o público jovem, acostumado a acionar redes sociais da Internet. Foca Lisboa
Responsável pela primeira palestra da noite, Gareth Mitchell, apresentador do Digital Planet, da BBC, apresentou seu programa de tecnologia, localizando-o no contexto da divulgação científica no Reino Unido e comentando semelhanças e diferenças com outros programas. Segundo ele, o Digital Planet prioriza os aspectos sociais de fenômenos como as redes sociais virtuais (do gênero do Orkut), os mundos virtuais (como o Second Life), blogs, podcasts e jogos que respondem aos movimentos do corpo humano. Mitchell descreveu a “relação envolvente” que o Digital Planet mantém com seus ouvintes.
Na mesa de abertura do evento (a partir da esquerda): Maria Céres Spinola Castro, diretora de Divulgação e Comunicação Social da UFMG, Heloisa Starling, vice-reitora da Universidade, Ildeu Moreira, diretor do Departamento de Popularização da Ciência e Tecnologia, do MCT, e Paula Cambraia Viana, pró-reitora adjunta de Extensão da UFMG