Universidade Federal de Minas Gerais

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Darcy dos Santos, primeiro funcionário reconhecido pelo Prêmio Fundep, relata sua trajetória de trabalho

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008, às 17h58

Darcy Ferreira dos Santos, o primeiro funcionário do corpo administrativo da UFMG a ser agraciado com o Prêmio Fundep, está na ativa há 48 anos. Técnico em Laboratório do ICB indicado pela Congregação da Faculdade de Medicina, revela ter ficado honrado e recompensado, com a iniciativa, mas não vaidoso. “Pelo contrário: me sinto responsável”, diz ele, ao relembrar a própria reação à notícia da escolha de seu nome.

Em entrevista concedida ao Boletim e ao site da UFMG, o diretor-executivo da Fundep Márcio Ziviani explica que a decisão em distinguir com o Prêmio as categorias dos servidores técnicos e administrativos “é um reconhecimento à sua participação nas atividades de pesquisa e uma oportunidade de fazer justiça a um setor da comunidade acadêmica bastante importante e eficiente no apoio aos projetos da Universidade”.

Leia a seguir, trechos de entrevista de Darcy Ferreira dos Santos, sobre o recebimento do Prêmio:

O senhor entrou no serviço público pela UFMG?
Sim e sempre trabalhei na UFMG. Comecei um ano após a sua federalização, em 23 de março de 1960. Entrei no Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina da UFMG e depois me transferi para o campus Pampulha, quando o ICB passou a ter aqui a sua sede, no final dos anos 70.

Qual sua função?
Sou técnico de laboratório, com formação no ensino médio e técnico. Devido à estrutura da Biologia sempre convivi simultaneamente com alunos da graduação e pós-graduação. Claro, está envolvida aí, a pesquisa, que o fruto aí de eu ter sido homenageado pela comissão que a Fundep criou, com membros de várias unidades.
Mas no Departamento sou responsável em preparar aulas práticas. Isso significa realizar a compra do material propriamente dito do laboratório – reagentes, animais, material cirúrgico – pois trabalhamos muito com dissecações. Animais nem todos nós criamos. Na pesquisa há ratos transgênicos, isentos de germes, uma gama de animais. Mas para a graduação, os ratos e camundongos usados são criados aqui. Faço ainda a manutenção de equipamentos e materiais, além do atendimento aos alunos durante as aulas práticas – graduação e pós. Mas na área da pesquisa não sou o único técnico envolvido na atividade.


Dos professores com quem trabalhou, quais o senhor destacaria?
Muita gente... Para mim, nessa jornada de 48 anos, sempre na Fisiologia, trabalhei com grandes homens – não só pela dedicação, apostolado de magistério, como grandes nomes da pesquisa brasileira. A primeira pessoa é o professor Wilson Teixeira Beraldo. Foi ele quem me contratou, naquele tempo ele era catedrático em Fisiologia. Aí, com essa vivência no laboratório com Beraldo, eu trabalhei com Lineu Freire Maia, que era um grande estudioso da área cardiovascular. Ele tem um seguidor que é o professor Robson Augusto dos Santos. Trabalhei com muita gente que seguiu carreira de magistério e de pesquisador.

O que o senhor presenciou em termos de evolução em seu laboratório?
A purificação da bradicinina pelo Beraldo. A substância hoje é largamente usada na área de cardiologia. Temos muitos outros trabalhos de professores renomados na Fisiologia, como o do professor Robson. É claro que junto com a pesquisa vem o reconhecimento para o departamento, a pós-graduação e novas verbas. O renome dos pesquisadores e do trabalho do departamento decorreu do trabalho realizado nessas cinco últimas décadas, vamos dizer assim. Mas eu sempre fui contaminado pela mosca da graduação. Convivi com graduandos que jamais pensei que daí a anos iriam abraçar essa carreira de serem homens do mundo, da ciência, da pesquisa, nas mais diversas áreas: Medicina, Bioquímica, Imunologia, Farmácia, Psicologia.

De certa forma o senhor é também co-autor dessa formação, não?
Eu não seria tão vaidoso de me achar co-autor, mas eu me sinto muito feliz quando vou a uma unidade – seja na Odonto, na Farmácia, Medicina, hospitais – e, em cada um daqueles ex-alunos, ex-pós-graduandos e pesquisadores que encontro nos corredores, tenho certeza que tem uma gota de meu esforço, do meu suor, naquela pessoa que estourou na vida acadêmica. Isso representa um retorno muito bom, ao ver que nosso trabalho humilde colaborou para que o departamento se mantivesse na proa nas áreas de ensino, pós-graduação e pesquisa.

O senhor tem um compromisso muito forte com a instituição...
É. Eu costumo dizer que o meu trabalho é a minha segunda família, embora a primeira família fique meio relegada a segundo plano, porque às vezes fico doze horas aqui dentro.

Dizem que sua mulher “brigava” com o senhor porque no final de semana deixava de passear e vinha para a UFMG alimentar as cobaias...
(Risos). É verdade.

Ainda hoje senhor vem?
Até hoje

E o casamento? Resistiu?
(Risos). Não. Nós separamos, mas não foi por causa da UFMG, pois eu e ela trabalhávamos juntos. Mas o meu filho Marcos Vinícius [jornalista na Faculdade de Medicina] também pegou esse micróbio. Come com o marmitex na mão esquerda e digita com a direita.

Qual sua reação quando soube que receberia o prêmio?
Se dissesse que achei normal, estaria mentindo. Fiquei assustado porque quando se fala em escolher um servidor técnico ou administrativo com participação na pesquisa e na pós-graduação, é claro que nos lembramos imediatamente de um servidor com graduação acadêmica elevada. E temos colegas de várias áreas mais envolvidos na pesquisa do que eu. Tenho autocrítica. Mas de qualquer maneira, fiquei muito honrado, porque dentro desse trabalho humilde que sempre desenvolvi com afinco, pontualidade e prestimosidade, há também vários colegas espalhados pela UFMG que dão a vida para que o deles saia a contento para o bom desempenho da graduação, da pesquisa e da extensão. Então fiquei muito honrado, mas não vaidoso. Pelo contrário: responsável. Quando chega uma láurea dessa em fim de carreira, você se sente muito recompensado pelo que tentou dar para a instituição. O prêmio também incentiva os colegas. Faço parte da Congregação do ICB e quando foi ventilado esse assunto de escolher pessoas da comunidade para receber o prêmio, citei três nomes que reputo muito competentes e dedicadas.

O senhor não imaginava que pudesse recebê-o?
Não, em momento algum. Mas fiquei muito contente. Gostaria de acrescentar que presto homenagem nesses 48 anos de casa a alguns nomes em quem – além de minha mãe, funcionária estadual dedicada à área de educação, no grupo Padre Anchieta – mirei muito no exemplo: os colegas da Faculdade de Medicina, quando da minha entrada no serviço público, como Edson Rodrigues de Aquino, José dos Santos Cota, Antônio Lisboa da Silva, Dona Carminha Cabral e outros. Mirei no exemplo de dedicação, pontualidade e, o mais importante, de atendimento aos nossos alunos.

Aos 68 anos, o senhor ainda está disposto a esperar a “expulsória”?
Estou pensando, por questões várias, aposentar em 2009. Vou completar 50 anos de trabalho, porque, na verdade, entrei um ano antes. Trabalhei por recibo um ano. Portanto, antes que a expulsória me pegue, encerro a carreira.

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