Na década de 90, professores da ênfase Engenharia Aeronáutica do curso de Engenharia Mecânica da UFMG pleiteavam junto à administração da Universidade a construção de um galpão que pudesse abrigar as aeronaves em desenvolvimento e as já existentes, assim como as que viessem a ser executadas pelo Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA). Tal galpão, de dimensões amplas, veio a ser projetado por arquitetos da própria UFMG e escolheu-se um local para sua implantação dentro do campus Pampulha, nas proximidades do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN). A construção de um prédio novo, nas dimensões necessárias para aquela finalidade, certamente envolveria uma verba substanciosa para sua execução. Posteriormente, os mesmos professores da ênfase Engenharia Aeronáutica do curso de Engenharia Mecânica da UFMG, em reunião, decidiram alterar o pedido pleiteando que essa obra fosse instalada à beira de uma pista de pouso. Isso porque todas as aeronaves do Centro de Estudos Aeronáuticos eram e são submetidas a freqüentes ensaios em vôo. O uso de um galpão somente para abrigar as aeronaves no campus Pampulha, levaria ao inconveniente da necessidade de montagem, desmontagem e transporte das mesmas até um aeroporto. Isso chegou a ser feito por mais de dez anos, com grande desgaste para a equipe e danos nas aeronaves, além das despesas. Essa dificuldade levou a equipe de professores integrantes do CEA a solicitar da administração central da UFMG a instalação de um hangar, não mais no campus Pampulha, mas em algum aeroporto. Simultaneamente, para reduzir custos, os professores sugeriram que um velho galpão abandonado do Departamento de Metalurgia, que existia no campus Pampulha, fosse reaproveitado e transformado em hangar. Havia a previsão que tal galpão viesse a ser vendido como sucata. Pensou-se, então, nas seguintes localidades para sua instalação do hangar: aeroporto da Pampulha, aeroporto Carlos Prates, aeroporto de Divinópolis, aeroporto de Pará de Minas, aeroporto (particular) em construção na Serra do Cipó e o aeroporto de Conselheiro Lafaiete. Todas essas localidades ficam a 100 quilômetros de Belo Horizonte. Os aeroportos da Pampulha e do Carlos Prates foram logo descartados porque aeronaves experimentais, em vôos de prova, necessitam de um aeroporto com o mínimo de tráfego aéreo, para evitar acidentes. O aeroporto da Serra do Cipó, que estava em construção e não ficou pronto até hoje, é uma iniciativa particular e foi descartado pela incerteza de sua conclusão. Contatos com autoridades de Divinópolis não levaram a nenhuma solução satisfatória. Quanto a Pará de Minas, verificou-se o inconveniente devido à operação simultânea de dois clubes de aviação naquele aeroporto - o Aeroclube de Pará de Minas e o Aeroclube Mineiro de Planadores. Pensou-se, então, na possibilidade de utilização do aeroporto de Conselheiro Lafaiete. Professores da UFMG que integram o CEA se deslocaram algumas vezes àquele aeroporto para analisar suas possibilidades. A conclusão foi a de que este tratava-se de um aeroporto municipal pequeno, com baixíssimo índice de tráfego aéreo, e que fica fora do raio de 100 quilômetros de Belo Horizonte. Tais características tornavam-o adequado em razão das características do projeto da Universidade. Permanecia, no entanto, a questão da aquisição do terreno naquele aeroporto. Surgiu, então, entre os professores da Universidade que integram o CEA a idéia de procurar o reitor da UFMG para solicitar a ele uma consulta às autoridades municipais de Conselheiro Lafaiete, no sentido de avaliar a possibilidade de doação do terreno para a instalação do hangar. Contatos foram feitos e o terreno foi cedido à UFMG. O galpão, que estava sem utilidade no campus Pampulha e que seria vendido como sucata, foi reaproveitado e, posteriormente, instalado no aeroporto de Conselheiro Lafaiete. Cláudio Pinto de Barros
Criador do Centro de Estudos Aeronáuticos