A abertura da Semana do Calouro, ontem, dia 2, no auditório da reitoria, foi seguida pela palestra A expansão da educação superior no Brasil: inclusão, diversidade e qualidade, feita pela secretária de Ensino Superior (Sesu) do MEC, Maria Paula Dallari Bucci. Foram abordadas, pela secretária, as atuais políticas de expansão de vagas nas universidades públicas, por meio do Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) e também da educação a distância, da ampliação do ensino tecnológico e da criação de universidades no interior do país. Segundo Maria Paula, as universidade públicas representam apenas 25% do total das instituições de ensino superior do Brasil. “A ideia é que em algum tempo esta proporção diminua. Mas é importante destacar que o aumento da quantidade não pode ser interpretado como diminuição da qualidade”. Para a garantia desta qualidade, ela disse aos alunos que é fundamental colaborar com as formas de avaliação, em especial o Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), que ela chamou de “pilar de avaliação da educação superior”. Universidade e mercado Educação básica e superior Diversidade Ela citou Ufba, UnB e Unicamp como universidades que já deram prova de que os alunos que ingressam por meio de políticas como cotas, bônus ou pontuação extra tem bom desempenho. Segundo Maria Paula a Ufba precisou até ampliar o funcionamento de sua biblioteca após adotar medidas de ações afirmativas.
O ensino superior nas áreas tecnológicas é o que mais tem crescido, segundo Maria Paula. Ela comentou que esses cursos permitem um maior diálogo entre a formação universitária e o mercado profissional. A secretária defendeu esse tipo de diálogo, desde que a universidade mantenha sempre a sua autonomia de pensamento. “A universidade é um espaço para pensar além, inclusive para criticar as grandes corporações profissionais nas situações em que elas rebaixam o que um profissional deve ser. Mas a universidade também é chamada a se aproximar do mercado e deve ajudar a formar pessoas preparadas para lidar com os problemas.” Outra modalidade que se expande é a educação a distância. “A educação a distância não é menos nobre, mas ainda sofre preconceito”, comentou.
Maria Paula criticou uma visão política que já foi comum no Brasil e que considerava que era preciso investir mais na educação básica e menos na superior para se conseguir resolver os problemas da educação no país. “Isso é um equívoco, pois uma das missões mais nobres da universidade é justamente formar professores para a educação básica”. Ela explica que não se pode deixar para melhorar o acesso a educação superior só quando a educação básica tiver os seus problemas resolvidos. “É preciso agir nos dois tempos.”
A proposta de acesso a universidade para todos é, segundo Maria Paula, uma ideia “incômoda” para algumas pessoas. “Tem gente que pensa que se não foi ele quem criou as diferenças, o melhor seria manter o mérito como única forma de seleção . Mas é papel da universidade exigir a superação do preconceito e reconhecimento das diversidades. É na universidade que se forja a condição crítica para se avaliar o mundo.” Em seguida, falou sobre as maneiras adotadas em algumas universidades para se compensar “as diferenças nos pontos de partida”. A Uerj, segundo ela, tem um programa bem sucedido de cotas, mas que “após a sua adoção percebeu-se que era preciso criar condições para essas pessoas permanecessem”.
Na defesa das medidas de expansão das vagas e inclusão de jovens que geralmente ficavam de fora nos vestibulares, a secretária colocou uma reflexão: “Que diversidade é essa se todos aqui formos oriundos dos mesmos estratos sociais? É preciso se despir de preconceitos para conhecer o modo como o outro vê o mundo. Sentimento de pertencimento só é possível com inclusão. Diversidade significa conviver com gente que não tem a mesma história que a minha, mas que vai compartilhar comigo uma história comum”.