Universidade Federal de Minas Gerais

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Ernani Maletta: futuro do Festival pode estar nas ruas

Ernani Maletta: “O Festival tem que invadir a cidade”

segunda-feira, 20 de julho de 2009, às 11h32

O subcoordenador geral e coordenador de eventos do 41º Festival de Inverno da UFMG, Ernani Maletta, vê o evento diante de um dilema: ao mesmo tempo em que deve se abrir para atingir um público maior e conseguir patrocínio, não pode cair no mero entretenimento. Em sua opinião, as aulas abertas, nas ruas desde 2006, ainda que não representem a solução integral para o problema, podem ser um dos caminhos. Confira a entrevista.

Como você vê a proposta das aulas abertas, que foram incorporadas há pouco tempo ao Festival?
O projeto é fruto da convicção de que o Festival tem que invadir a cidade e alterar a rotina urbana. Com o tempo, ele perdeu recursos, diminuiu de tamanho e passou a afetar menos o dia-a-dia de Diamantina, a ficar muito fechado na sala de aula. Surgiu um desejo de abrir o Festival para a cidade, além dos eventos e espetáculos. Em 2005, ainda que informalmente, alguns professores saíram da sala de aula e participaram de oficinas nas ruas. Isso chamava muita atenção das pessoas. Desde 2006, estruturamos esse projeto de aulas abertas, muito bem recebido pela cidade.

As aulas abertas e oficinas podem dar o tom da rota ser trilhada pelo Festival a partir de agora?
Essa solução não vai atacar todos os complicadores que o Festival enfrenta. Qual o problema do festival? Ele não tem recursos. A gente tem que convencer que vale a pena investir recursos no Festival. Uma das maneiras de se fazer isso é mostrar como ele pode alterar o dia-a-dia da cidade, transformando-a num polo de criação cultural. Mostrar como um morador pode viver uma experiência definidora, transformadora da sua vida, independentemente de ser artista. Quanto mais o Festival estiver aberto à população, ao turista e ao patrocinador, mais chance ele terá de sobreviver, de atrair o grande patrocinador.

Qual a relação disso com o fato de o Festival, hoje, não priorizar grandes eventos?
Quando eu falo em abrir o Festival, em momento algum quero falar de espetáculos comerciais. Não estou preocupado com o entretenimento. Ele é um elemento fundamental, não a prioridade. Ele pode estar ao lado da filosofia do festival, que é formativa. Mas a aposta do Festival na formação e na oficina não implica clausura. Deve haver espaço para as oficinas fechadas, não há dúvida. Mas defendo um espaço igual para outro tipo de oficina, aberta para a população e que alcance a cidade.