Propondo trocar a palavra novo pela palavra diferente, dentro da lógica da criação artística contemporânea, a professora Vera Casa Nova abre a discussão sobre a produção em literatura no 41º Festival de Inverno. Coordenadora da área Artes Literárias do evento, a pesquisadora concedeu entrevista à equipe da assessoria de imprensa do Festival, em que abordou, sinteticamente, algumas questões de ponta envolvendo a literatura, as novas mídias e o tema traduções, que permeia as atividades do evento deste ano. “Hoje, quase todos os filmes que se vê por aí originam-se de um texto literário. A passagem de um suporte para outro é também uma tradução”, diz. Conheça mais as análises da pesquisadora sobre as inflexões do tema em sua área: O que há de novo no campo das artes literárias? E o que a senhora vê de contribuição das mídias e das novas tecnologias para a literatura? A senhora acha que a estrutura do Festival ainda atende às necessidades dessa área temática?
Novo não existe nada. O novo é uma ilusão. Tudo já foi dito, tudo já foi feito, o que a gente faz contemporaneamente é dar uma outra roupagem. Aí sim você tem novas relações. E com um suporte diferente se criam propostas diferentes. Não é a palavra novo que tem que ser dita, mas sim a palavra diferença.
Elas trazem outras possibilidades. Aquele que escreve pode ir para o computador, escrever e trabalhar o seu texto com o auxílio de outras artes. É o caso da poesia visual, que está explodindo a todo o momento. Nesse 41º Festival temos elementos muito importantes nesse sentido – os infopoemas, por exemplo. Hoje, o que há de mais atual em termos literários está na mídia eletrônica. A exposição de Wlademir Dias-Pino e de Regina Pouchain mostra exatamente como esses elementos se esbarram, se friccionam, se encontram. Dentro das novas tecnologias há coisas novas aliadas à literatura. O computador é uma grande saída hoje, pois as artes literárias são pouco divulgadas e muito pouco é editado devido o alto custo do papel.
A literatura dentro do Festival nunca teve problemas maiores. Todas as oficinas produzem muito e os professores e artistas que vêm aqui ficam entusiasmados com o que se faz, muito devido à participação dos oficineiros.