Encarnando o papel de Demônio no espetáculo Till, a Saga de um Herói Torto, do Grupo Galpão, Chico Pelúcio é quem puxa a peça. Na história, o Demônio aposta com Deus que, se o homem perder algumas de suas qualidades, cairá em perdição. Assim, Deus traz ao mundo a alma de Till. Pobre, mas muito esperto, ele tenta sobreviver em uma Alemanha medieval. Nessa entrevista, Chico Pelúcio, ator e diretor do Grupo Galpão, fala sobre o espetáculo apresentado ontem, dia 26, no 41º Festival de Inverno da UFMG, e sobre o evento. “Acho que o Festival de Inverno tem o compromisso de ser um evento de ponta”, afirma. O que o espetáculo Till, a Saga de um Herói Torto, traz para o 41º Festival de Inverno da UFMG? O Grupo Galpão nasceu no Festival de Inverno de Diamantina. Qual é o sentimento de apresentar um espetáculo na cidade? Como avalia a forma atual do Festival?
Depois de dez anos montando espetáculos para palco, criamos esse espetáculo que é pensado originalmente para a rua. A peça é uma comédia inspirada em uma lenda medieval alemã. Luis Alberto Abreu, um dos principais dramaturgos do Brasil, atualmente, foi quem adaptou essa lenda para a realidade brasileira. Então, apesar de o contexto ser a Alemanha medieval, os personagens e a forma de tratar o assunto têm muito a ver com o Brasil, com a nossa cultura. Till é um espetáculo popular, fala de um Brasil atual, de uma população abandonada.
É muito legal. Temos montado espetáculos no evento ao longo desses anos todos. Já trouxemos Romeu e Julieta, Molière e outros espetáculos. Nos apresentamos aqui sempre que possível, mas é sempre bom renovar esse encontro com o Festival, com o espaço de encontro que ele oferece.
Acho que a própria realização de um seminário no Festival mostra que ele pode ser repensado. A iniciativa criou um espaço para aperfeiçoamento e trouxe a possibilidade de aperfeiçoar, avançar. Acho que o Festival de Inverno tem o compromisso de ser um festival de ponta, que abre caminhos e possibilidades; que repensa e exerce essa visão crítica do que é feito, de como é feito e do que é necessário ser feito na área da cultura e das artes não só em Minas Gerais, mas em todo o Brasil.