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Com um discurso emocionado em que lembrou as dificuldades da infância e da juventude e os seus 35 anos de dedicação à instituição e reafirmou os princípios que nortearão a sua gestão no período 2010-2014, o professor Clélio Campolina Diniz recebeu, na noite de segunda-feira, dia 22, o cargo de reitor da UFMG. Em uma solenidade que lotou o auditório da Reitoria de pessoas da comunidade universitária e de convidados externos, Campolina também deu posse à vice-reitora, Rocksane de Carvalho Norton, e apresentou sua equipe de pró-reitores e diretores das fundações de apoio. “Estou feliz e preocupado com o tamanho da responsabilidade de dar sequência a essa obra coletiva”, disse o professor Clélio Campolina. Segundo ele, a UFMG, aos 82 anos, é uma universidade jovem se comparada às “instituições milenares do velho mundo”, mas consolidada quando se observam os resultados expressivos que frequentemente a colocam entre as melhores instituições de ensino superior. Sobre o último Reitorado, comandado pelos professores Ronaldo Pena e Heloisa Starling, Campolina destacou os “notáveis progressos” alcançados em infraestrutura, inclusão e cursos noturnos. Campolina lembrou que, em sua busca pelo avanço científico, a UFMG combina excelência e relevância e reafirmou sua intenção de receber contribuições dos seus três segmentos – estudantes, professores e funcionários - para torná-la ainda melhor. “Convido os três segmentos a realizar comigo um trabalho coletivo e cooperativo”, afirmou. O novo reitor discorreu sobre os cinco eixos que vão orientar a sua gestão - universidade-autonomia, universidade-diversidade, universidade-compromisso social, universidade-sustentabilidade e universidade-cidade – e manifestou seu desejo de combinar os benefícios da ciência com justiça social, o que considera “uma utopia possível”. Solidariedade Quanto ao seu estilo de trabalho, diz que tenta ser, ao mesmo tempo, dialético e cartesiano. “Dialético na análise e no entendimento do mundo e cartesiano na ação para sermos eficientes nas decisões”. O novo reitor foi saudado pelo amigo José Alberto Magno de Carvalho, diretor da Faculdade de Ciências Econômicas, que elogiou “a maneira admirável, rara entre nós”, com a qual concilia ensino, pesquisa e gestão acadêmica. José Alberto também comparou o reitor Campolina a personagens clássicos de Guimarães Rosa. “Muitas vezes parece intransigente e inflexível, mas debaixo de uma carapaça aparentemente impermeável bate um imenso coração”, lembrou o presidente do Conselho Diretor da UFMG. Efervescência Agradeceu a vice-reitora Heloisa Starling pelo seu trabalho nas áreas de artes, cultura e moradia universitária e à sua equipe, com menção especial a duas assessoras: a pró-reitora adjunta de Planejamento, Maria das Graças Fernandes de Araújo, e a chefe de gabinete Maria Elisa. Em sua fala, Ronaldo Pena lembrou a expansão da graduação propiciada pela Reuni, a gestão do Hospital Risoleta Tolentino Neves, em Venda Nova, o recorde de registro de patentes e a reserva de vagas para indígenas. “São realizações abundantes, mas que acabam superadas pelo que ficou por fazer”. Ele encerrou o discurso citando o poema Memória, de Carlos Drummond de Andrade. “As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão”. A cerimônia foi encerrada pelo ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, que destacou sua histórica relação com a UFMG, na qual se formou no curso de Direito, e a amizade que mantém com vários de seus dirigentes, como os professores Clélio Campolina, Ronaldo Pena, Heloisa Starling, João Antônio de Paula e Antônia Vitória Aranha.
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Campolina: cooperação para realizar trabalho coletivo
No momento mais emocionante do discurso, Campolina lembrou-se de sua origem rural em Esmeraldas, da vida dura com os 10 irmãos, os pais José e Maria (“como na Bíblia”) e da escola multisseriada onde estudou e cuja professora era uma de suas irmãs, formando, segundo ele, um ambiente de “solidariedade inquebrantável”. Recordou-se dos lugares em que trabalhou – bar, posto de gasolina e escritório de contabilidade -, da pensão onde viveu no bairro Barro Preto, quando mudou-se para Belo Horizonte, do ingresso no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), da vida no Chile que coincidiu com o primeiro ano do governo de Salvador Allende, no início dos anos 70.
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Clélio Campolina e a vice-reitora Rocksane Norton
Depois de ser homenageado pela professora e chefe de gabinete Maria Elisa de Sousa Silva, que o definiu como um ser humano raro e servidor público exemplar, o professor Ronaldo Pena afirmou que entrega a Casa que dirigiu durante quatro anos com a “a efervescência e vitalidade” que lhe são características.