Duas mil filipetas coloridas com desenhos de pássaros flutuam sobre o cruzamento da Praça Sete, no centro de Belo Horizonte. Canteiros que dividem avenidas exibem flores de papel celofane. Muros de terrenos abandonados aparecem azulejados (os desenhos são impressos e colados à maneira dos cartazes de publicidade). Quem faz essa e outras artes nas ruas da cidade é a dupla Poro, formada há sete anos pela professora de desenho da Escola de Belas-Artes da UFMG Brígida Campbell e seu ex-colega na graduação (na própria EBA) Marcelo Terça-Nada, hoje envolvido com artes visuais e mídias eletrônicas. E o trabalho deles acaba de ser transformado no documentário Poro – Intervenções urbanas e ações efêmeras, realizado em parceria com a Associação Imagem Comunitária. Grande parte das reflexões do vídeo decorrem também de pesquisa de dissertação de mestrado de Brígida - Canteiro de obras - deriva sobre uma cidade-pesquisa habitada por práticas artísticas no espaço público. No filme de 20 minutos, os artistas quase só aparecem falando em off – o foco está nas ações que buscam fazer um contraponto à cultura da correria e da publicidade espetacular que rege a vida nas grandes cidades. Brígida explica: “No meio da confusão de um mundo tão fragmentado, a arte aponta para um outro caminho, uma visualidade nova.” Em ações como as dos pássaros e das flores, o trabalho da dupla tenta trazer à tona questões como o lugar da natureza no espaço urbano e a oposição entre naturalidade e artificialidade. Quando optam pela impressão de azulejos e outros desenhos em papel-jornal, Brígida e Marcelo evocam mídias tradicionais e populares, repetindo o suporte precário dos panfletos que, por exemplo, anunciam serviços de cartomantes e vendedores de ouro. A reportagem completa pode ser lida na edição 1688 do Boletim UFMG. Acesse aqui.