“A escola não faz sentido se não causar transformação, se a vida não ficar melhor depois dela.” A afirmação do professor Antonio Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa (Portugal), resume bem o tom da conferência proferida no encerramento do XV Encontro Nacional sobre Didática e Práticas de Ensino (Endipe), na tarde desta sexta, dia 23. Doutor em Educação, catedrático da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa e autor de obras como Vidas de professores e Profissão professor, Nóvoa abordou o tema Convergências e tensões no campo da formação e trabalho docente. Segundo ele, é desejável que os alunos sintam-se bem na escola, mas ela não é lugar de entretenimento e sim de aprendizado. Ainda de acordo com Nóvoa, a escola não deve servir para selecionar os estudantes no sentido da hierarquização – alguns são aprovados e outros reprovados –, mas no sentido da diversidade. “Ela deve ser vista como um instrumento pedagógico e não como um problema.” Nóvoa defendeu também que, para os professores realizarem bem sua missão, é preciso haver condições de trabalho nas instituições de ensino. Por outro lado, os docentes devem participar mais ativamente dos rumos da educação, como mediadores e condutores das pessoas ao ensino. “Nenhuma tecnologia ou máquina é capaz de substituir o ser humano no ato de ensinar. Os professores precisam reconquistar a confiança da sociedade. Ao longo dos anos, a educação vem sendo vista como um serviço que se presta, mas a escola não é um serviço, é uma instituição”, salientou o reitor. O professor Antonio Nóvoa destacou que, em 2008, a população mundial urbana ultrapassou a população rural. Assim, a realidade das escolas e professores também mudou: hoje há um conjunto enorme de possibilidades, de instituições educativas. “Mais importante que as escolas públicas são os espaços públicos de educação, de caráter ampliado. A escola não pode fazer tudo sozinha, deve estar inserida em uma rede voltada para a educação, em todos os sentidos. Temos que pensar novos modos de pensar e agir. Muitas vezes há excesso de discurso e pobreza de prática: temos que passar à prática”, assinalou. Balanço Ângela observou que a academia está mobilizada em torno da estruturação de políticas públicas. “Foi-se o tempo em que se achava que a universidade não deveria participar das políticas públicas. Observamos que não é mais assim, a mentalidade é outra, as pessoas estão mobilizadas, desejosas de participar”, conclui Angela Dalben.
De acordo com a professora Ângela Dalben, uma das coordenadoras do XV Endipe, o evento recebeu a inscrição de mais de seis mil trabalhos. Desses, 4.737 foram apresentados, depois de avaliados e aprovados, na modalidade de painéis e pôsteres. “A conclusão que se tira é que está havendo uma produção muito grande da área da Educação no Brasil. Todos os estados e quase todas as universidades do país estavam representados no encontro, que contou com cerca de cinco mil participantes. Também tivemos a participação de diversos trabalhos vindos de países da América Latina e da África, como Argentina, Uruguai, Chile, Guatemala, Venezuela, México, Espanha, Portugal e Moçambique. O balanço do evento é muito positivo”, salientou a coordenadora.