Universidade Federal de Minas Gerais

Igor Lage
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Registro ajuda a entender a dinâmica social de Belo Horizonte

Centro de Memória investiga registro sobre os cadáveres que chegaram à Faculdade de Medicina no início do século passado

terça-feira, 11 de maio de 2010, às 8h29

O título assusta: Livro dos Cadáveres. Não se trata, porém, de enredo de filme ou de romance de terror. A obra, na verdade, é um documento de valor histórico e acadêmico recentemente encontrado pelo Centro de Memória da Medicina (Cememor) e que despertou a curiosidade de seus descobridores devido ao farto volume de informações disponíveis sobre os cadáveres recebidos pela Faculdade de Medicina, principalmente até os anos de 1940.

O potencial do documento motivou o Cememor a desenvolver estudos mais aprofundados sobre o volume e os primeiros resultados dessa pesquisa deram origem ao artigo O livro dos cadáveres – Aqui a morte se alegra de socorrer a vida, que será apresentado no XIV Seminário sobre a Economia Mineira. O evento, organizado pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), acontece entre os dias 24 e 28 de maio, em Diamantina.

“O Livro dos Cadáveres contém diversas informações importantes que ajudam a entender melhor a Belo Horizonte do início do século passado”, afirma a coordenadora do Cememor, Ethel Mizrahy Cuperschmid. Segundo a historiadora, Belo Horizonte recebia um grande número de enfermos, o que pode ser comprovado pelo alto número de registros encontrados no volume. “Só no período analisado, que vai de agosto de 1913 a dezembro de 1930, são 1903 cadáveres registrados”, conta Ethel.

Segundo Kátia Magalhães Silva, uma das pesquisadoras envolvidas no projeto, o processo de catalogação e organização das informações encontradas no documento levou aproximadamente dois meses. Em seguida, foi feito o levantamento de causa mortis dos indivíduos e três categorias chamaram a atenção devido ao alto número de incidências: tuberculose pulmonar (20,4% das mortes atestadas), mortes neonatais (19,7%) e doenças do sistema cardiovascular (11,6%). “É importante ressaltar que, devido aos escassos conhecimentos médicos da época, muitos sintomas de doenças eram confundidos com as causas de morte, o que dificultou o processo de levantamento de dados”, afirma Kátia.

Com as informações devidamente organizadas, a equipe do Cememor se dividiu em grupos menores para analisar as principais causas de mortes. Os resultados demonstram que o elevado número de cadáveres pode ser associado ao crescimento exagerado de Belo Horizonte no início do século. “Com a criação da maternidade Hilda Brandão, no final da década de 20, as vítimas de mortes neonatais aumentaram significativamente”, exemplifica Kátia. Nessa época, a cidade também começou a receber um grande número de pacientes com tuberculose, pois se acreditava que seu clima poderia ajudar no tratamento da doença. Entre eles, figuras ilustres como o compositor carioca Noel Rosa, que viu no clima seco e frio de Belo Horizonte a possibilidade de cura para um mal que o perseguiu durante sua curta existência – ele morreu no Rio de Janeiro, em 1937, aos 26 anos.

Já os falecidos de doenças do sistema cardiovascular carregavam uma curiosidade: 41% deles foram identificados como “lavradores”, mas as pesquisas não sinalizam uma justificativa para esse número elevado. “Muitas perguntas que surgiram enquanto estudávamos o Livro dos Cadáveres ainda não foram respondidas, por isso pretendemos levar o estudo para além do artigo que será apresentado”, afirma Ethel Mizrahy.

Descobertas e interrogações
Outro foco da pesquisa é tentar identificar a origem social dos cadáveres que chegavam até a Faculdade de Medicina. O que se percebeu é que, independentemente da causa mortis, a grande maioria dos corpos era de pessoas pobres. “Antes de analisarmos os dados, suspeitávamos que seriam indigentes, mas havia cadáveres de operários, comerciantes, empregados da construção civil, entre outros”, afirma Ethel Mizrahy.

No livro, a maioria dos registros refere-se a cadáveres do sexo masculino (1.171 dos 1.903 registrados) e de pardos ou negros (80%). “Dentre os negros, inclusive, há o registro de um senhor com mais de 100 anos de idade, possivelmente um ex-escravo”, destaca Kátia Magalhães. Outro fator que impressionou a equipe de pesquisadores do Cememor foi o grande número de corpos do sexo feminino identificados como sendo de “domésticas”, principalmente os diagnosticados como vítimas de tuberculose. “Muitos desses cadáveres eram, provavelmente, de prostitutas”, suspeita Ethel.

(Boletim UFMG, edição 1694, de 10 de maio de 2010)

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