A cultura consorciada do sorgo – destinado à produção de silagem –, com forrageiras para pastagens e espécies arbóreas, em uma área da fazenda experimental do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da UFMG, no campus regional de Montes Claros, é uma das primeiras experiências com o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta do Norte de Minas.
De acordo com o coordenador do projeto, Leonardo David Tuffi Santos, professor do ICA, apesar de ainda ser muito recente – desenvolvida há cerca de um ano e meio – a pesquisa já aponta para resultados promissores, com satisfatória produção de biomassa destinada à alimentação dos animais no período da seca, além de boa recuperação da pastagem, principalmente com a braquiarinha, o braquiarão e o capim tanzânia. Além disso, o desempenho inicial das árvores de eucalipto e acácia permitem estimar a boa produtividade de madeira, sem contar os benefícios das árvores para esses agrossistemas.
A visita à área do experimento é um dos itens do dia de campo encerra a programação do 1º ILPF - Simpósio de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, que acontece no ICA de 28 a 30 deste mês. A programação do evento, que vai reunir estudantes de graduação e pós-graduação e técnicos das Ciências Agrárias, representantes de instituições ligadas ao agronegócio e produtores rurais, também inclui palestras, minicursos e mesas-redondas.
Ao promover a combinação intencional de árvores, lavouras (grãos, fibras e oleaginosas) e pastagem, num mesmo espaço físico, manejadas de forma integrada, os sistemas ILPF têm se mostrado uma alternativa para reverter os impactos ambientais da produção agrícola, como a degradação de pastagens.
“No Brasil, dentre as áreas cultivadas, a maior percentagem é ocupada por pastagens, sendo que boa parte delas encontram-se degradadas ou em processo de degradação”, comenta Leonardo Tuffi. Ele acrescenta que, no Norte de Minas, uma das regiões de maior importância para a pecuária nacional, a situação não é diferente, ainda com o agravante de escassez e má distribuição das chuvas.
“Com o bom planejamento e correto manejo do sistema e de seus componentes, tem-se incrementos nos teores de matéria orgânica e na fertilidade do solo, nos recursos hídricos e paisagísticos da região”, afirma o professor. Além dos benefícios ambientais, o sistema oferece vantagens econômicas ao produtor, com a diversificação da produção e da renda ao longo do ano. Leonardo Tuffi lembra que esse aspecto favorece o desenvolvimento humano e a permanência do homem no campo.
Expansão
O projeto desenvolvido na fazenda experimental do ICA, com financiamento do CNPq, envolve um grupo de pesquisadores, entre professores e alunos – os resultados já subsidiaram a produção de uma dissertação de mestrado e outra está em andamento. Trata-se de um piloto de uma experiência que pretende ser testada, futuramente, em outras áreas da região Norte de Minas, com diferentes características climáticas, de solo e também culturais. “Precisamos conhecer a cultura, os saberes locais, para adaptar o sistema a cada situação”, justifica o professor.
Segundo ele, o Brasil vive um bom momento para adoção e multiplicação do conhecimento relativo aos cultivos integrados, que se tornaram tendência na última década. Porém, por se tratar de investimento de médio e longo prazo, é necessário que haja segurança quanto à continuidade dos investimentos, bem como estudos para a agregação de valor aos produtos e aos serviços ambientais conseguidos com a adoção desses sistemas. “As políticas públicas em relação ao crédito e a promoção da ILPF quanto ao ensino, pesquisa e extensão devem ser intensificadas visto a importância desses sistemas de produção para o agronegócio e o meio ambiente”, defende Leonardo.
(Assessoria de Comunicação do ICA)
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