O professor Rodrigo Bastos, da Escola de Arquitetura da UFMG, recebe nesta segunda-feira, 7, o prêmio Marta Rossetti Batista de História da Arte e Arquitetura, do Instituto de Estudos Brasileiros da USP. A premiação foi concedida pela tese de doutorado A maravilhosa fábrica de virtudes: o decoro na arquitetura religiosa de Vila Rica, Minas Gerais (1711-1822), defendida em 2009 na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, sob orientação de Mário Henrique Simão D`Agostino. O trabalho, segundo o professor, é parte de pesquisa abrangente, dedicada a compreender a arquitetura e as povoações do século 18 em Minas Gerais à luz dos preceitos e categorias daquela época. “Até então, a arquitetura dessa época era analisada a partir de conceitos do século 19”, afirma o professor, ressaltando que, no século 18, as práticas de representação artística – com ênfase para a arquitetura – eram regidas por procedimentos e preceitos muito distintos do modo como pensamos e produzimos arte a partir do século seguinte. Entre esses preceitos antigos, diz Rodrigo, figuravam palavras como decoro, decência, conveniência, eficácia, maravilha, discrição, verossimilhança, magnificência, asseio e afeto, muitas com singificados diferentes daqueles em vigência atualmente. “A palavra asseio hoje é usada como sinônimo de limpeza. Mas naquela época era usada para falar sobre uma igreja feita com primor”, exemplifica. Para realizar a pesquisa, o professor teve que estudar latim e recorrer a dicionários da época, além de consultar documentos primários no Brasil e na Europa. “A pesquisa também reconstitui historicamente dezenas de preceitos artísticos e teológicos exatamente contemporâneos aos processos de invenção, disposição e ornamentação desses edifícios”, completa Rodrigo. Para ele, o trabalho abre novas possibilidades de investigação e entendimento do patrimônio artístico no Brasil desse período. “O trabalho reinterpreta e reescreve a história de alguns dos conjuntos arquitetônicos mais importantes e paradigmáticos da história da arte no Brasil colonial”, diz. Rodrigo explica, ainda, que noções abstratas, como espaço, não existiam no século 18 da forma como as utilizamos atualmente. Em vez disso, se falava em lugar, ou se pensava na “figura” poligonal de uma igreja, por exemplo. “Ao aplicar conceitos modernos sobre essa arquitetura antiga, a gente acaba obliterando o sentido alegórico, metafórico que a arquitetura daquele tempo possuía”, constata. Para realizar a pesquisa, o professor contou com bolsas da Fapesp e da Capes. Currículo Realizou estágio de doutorado (doutorado sanduíche) no departamento de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa, em 2008, e já foi professor convidado de vários cursos de arquitetura, urbanismo e design (UCG, UEG, PUC Minas e Fumec). Desde 2009 é professor adjunto do Departamento de Análise Crítica e Histórica da Arquitetura e do Urbanismo da Escola de Arquitetura da UFMG. Desde 2006, integra o corpo de professores do curso de especialização lato sensu em Cultura e Arte Barroca, do Instituto de Filosofia, Artes e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto. Em 2007, recebeu prêmio pelo melhor ensaio crítico de Arquitetura e Urbanismo, no 8º Prêmio Jovens Arquitetos, com o texto "Regularidade e Ordem das Povoações Mineiras no século XVIII". Seus interesses acadêmicos se concentram na área da história da arte, da arquitetura e do urbanismo. Pesquisa a arquitetura e o processo de implantação de povoações em Minas Gerais no século 18 à luz dos preceitos coevos, e está integrado a dois grupos de pesquisa sediados e certificados pela Universidade Federal de Minas Gerais – "Arquitetura, Humanismo e República" (Líder), e "Perspectiva Pictorum" (Pesquisador).
Rodrigo Almeida Bastos possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Goiás (1992), graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Católica de Goiás (1999), mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (2003) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (2009).