Pesquisa escolar não pode ser uma mera busca por resultados, mas deve ser encarada como um processo de aprendizagem, defende a professora Bernadete Campello, da Escola de Ciência da Informação (ECI) da UFMG. Segundo ela, “saber pesquisar é uma meta-habilidade, assim como a capacidade de ler”. Por isso, além do produto final, o professor precisa valorizar e avaliar as habilidades adquiridas no processo, que serão utilizadas pelo estudante em outras situações. “Só entendo o processo de pesquisa trabalhado conjuntamente, o que permitirá que o aluno não se limite a copiar e colar, mas aprenda a percorrer caminhos e a fazer essa busca, por si próprio, em outros momentos”, resume. Assim, destaca, “o professor não pode pretender apenas pôr conteúdo na cabeça do aluno, mas ajudá-lo a aprender com autonomia e a gostar de aprender. Na prática, é preciso que o professor também goste de orientar”. Ela afirma que essa visão diferenciada do processo de pesquisa escolar exige mudanças na estratégia didática, cuja implementação só será possível se houver interesse de toda a comunidade escolar. O assunto é tema da obra Como orientar a pesquisa escolar – estratégias para o processo de aprendizagem, que a pesquisadora acaba de lançar, pela editora Autêntica. O livro é traduzido e adaptado da obra de Carol Kuhlthau, professora emérita do Departamento de Biblioteconomia e Ciência da Informação da Universidade Rutgers (EUA). Bernadete Campello comenta que embora o tema seja de interesse sobretudo de docentes e estudantes de licenciaturas, as pesquisas acadêmicas na área têm sido realizadas principalmente no campo da Ciência da Informação. Bernadete Campello também publicou artigo na edição de maio da revista Presença Pedagógica, onde comenta o desafio de implementar estratégias didáticas que estimulem a aprendizagem significativa e propiciem a produção do conhecimento. No artigo, Bernadete Campello fala sobre as etapas do processo de pesquisa. “Orientados e apoiados por mediadores competentes, os estudantes podem, por meio da pesquisa, desenvolver habilidades de aprendizagem com autonomia, preparando-se gradualmente para realizar trabalhos cada vez mais complexos”, diz a autora. A professora coordena o Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar (Gebe) da ECI, que reúne pesquisadores e estudantes em torno de atividades de ensino, pesquisa e extensão relacionadas especialmente à função educativa da biblioteca.