Os cerca de 600 trabalhos que são submetidos anualmente ao Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia – mais antigo periódico brasileiro na área – exigem um esforço permanente do quadro de revisores e editores científicos, que conciliam a atividade com suas funções de ensino e pesquisa. “Não é possível profissionalizar uma equipe com os recursos de que dispomos”, informa o editor-chefe da publicação, Martinho de Almeida e Silva, professor do Departamento de Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG. Segundo ele, os pesquisadores que se dispõem a realizar o trabalho de edição ou revisão não recebem nenhum estímulo por parte das agências de fomento ou das universidades. “No preenchimento dos relatórios de atividades, por exemplo, essa tarefa sequer é considerada ou pontuada para fins de benefício do pesquisador”, comenta, ao fazer menção especial aos professores aposentados Hamilton Carmélio Machado da Silva e Vera Lúcia Viegas de Abreu, editores científicos do periódico. Há quase 12 anos na função de editor-chefe, Martinho Silva prepara-se para a aposentadoria compulsória nos próximos anos e reforça a necessidade de se treinarem substitutos, principalmente para as funções de editores científicos. “É difícil captar alguém para trabalhos desse tipo, pois, além da falta de estímulo, os professores da ativa ainda estão formando o próprio currículo e nem sempre têm tempo para incluir mais essa atividade em sua rotina”, explica. Atividade, aliás, que exige extrema dedicação. No caso do Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, os artigos são enviados por pesquisadores brasileiros, mas também por autores europeus, africanos e de toda a América Latina. Cada artigo que chega passa por uma primeira revisão, para análise da pertinência do assunto e da metodologia. Em seguida passa pelo crivo estatístico, para verificação da pertinência das análises, e só depois é enviado simultaneamente para dois revisores especialistas na respectiva área. “Se um dos dois não der parecer positivo para publicação, o artigo é avaliado por um terceiro revisor, pois somente são publicados trabalhos que recebem dois pareceres positivos dos revisores”, conta o professor, ao acrescentar que a tarefa de edição exige amadurecimento científico. Apesar das dificuldades, o Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia se mantém com regularidade desde 1943 e hoje, além de abranger com seus artigos científicos todos os campos da saúde animal e da produção animal, alcança alto índice de impacto internacional (JCR) e meritória classificação no índice Qualis, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Além da versão impressa, a publicação pode ser acessada gratuitamente por meio do site da Escola, ou no site SciELO - Scientific Electronic Library Online. O comitê editorial e o quadro de revisores são formados por pesquisadores de alto reconhecimento científico e de diversas instituições do país e do exterior, a maioria dos quais bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “O CNPq é um grande parceiro nesse projeto, e mais recentemente também a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Apesar disso, faltam editais específicos que garantam recursos permanentes para pleno funcionamento das editoras responsáveis por esse tipo de publicação”, comenta o editor-chefe. “Não se pode deixar de mencionar as contribuições da UFMG e da própria Fundação de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia (FEPMVZ)”, completa. A Editora, em parceria com a empresa DR-Soluções, desenvolveu um software para submissão, controle e distribuição dos manuscritos para avaliação, além de disponibilizar on line aos autores e aos revisores toda a informação envolvida no processo de tramitação e publicação. O software é apresentado em português e em inglês, o que facilita a submissão de manuscritos para avaliação por pesquisadores do mundo inteiro. Toda a informação é disponível no site www.abmvz.org.br. Além do Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, a Editora da Escola de Veterinária é responsável pelo gerenciamento e pela edição de todas as publicações da Escola, o que inclui livros técnico-científicos, cadernos didáticos e cadernos técnicos. O periódico técnico-científico Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia é editado em convênio com o Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais, e publica assuntos de interesse imediato para estudantes e profissionais. Contêm a produção técnica e didática de professores, alunos, pesquisadores e outros profissionais nas áreas de zootecnia e veterinária, a critério do corpo editorial. Engloba congressos, seminários, cursos, palestras e revisões nas áreas de medicina veterinária, produção animal, tecnologia e inspeção de produtos de origem animal, ensino e sociologia, economia e extensão rurais. “Cada matéria é rigorosamente revisada, tanto no aspecto formal quanto no de conteúdo, e, além disso, é tratada, tanto quanto possível, de forma concisa, acessível e agradável, sem prejuízo do rigor científico”, afirma o professor Martinho Silva, que coordena a editora. A Editora também publica livros e cadernos didáticos, que oferecem aos estudantes informações organizadas pelos professores de cada disciplina. Criados originalmente para os alunos da Escola de Veterinária da UFMG, as publicações alcançaram todo o país e são adquiridas por alunos de diversas instituições. “São trabalhos de excelente qualidade, feitos pelos professores, e que atendem alunos de graduação e de pós-graduação. Vendemos para o país inteiro”, afirma. Martinho de Almeida e Silva explica que tanto os livros quanto os cadernos didáticos têm preços baixos, que competem com o de fotocópia. “Nem compensa fazer cópia, é melhor ter o original”, completa.