"Ao criar cursos noturnos e adotar o bônus no vestibular, a UFMG está permitindo que mais trabalhadores, negros e egressos das escolas públicas ingressem em uma instituição pública de ensino superior". A conclusão encontra-se registrada em artigo divulgado recentemente por professores da UFMG sobre impactos produzidos na Escola de Enfermagem com a adesão da Universidade ao sistema de bônus e ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais Brasileiras (Reuni). Denominado A experiência do Reuni na Escola de Enfermagem da UFMG: o perfil dos alunos do curso de Gestão de Serviços de Saúde, o artigo foi apresentado no XIV Seminário sobre a Economia Mineira, realizado pela própria UFMG, em Diamantina, na última semana de maio. As conclusões do trabalho se baseiam em questionário de 27 perguntas aplicado a 84 alunos do primeiro período do curso Gestão de Serviços de Saúde, durante os meses de março e agosto de 2009. A escolha de investigar o perfil de alunos desse curso de decorreu do fato de ele ter sido criado no bojo do Reuni - projeto do governo federal que, apenas na UFMG resultará, até 2011, em 52 novos cursos, ou 2136 vagas adicionais na graduação. Pelo menos 67% delas estão sendo abertas no período noturno, com o objetivo de promover inclusão de trabalhadores nas universidades federais. É o caso de Gestão de Serviços de Saúde, criado em 2009 na Escola de Enfermagem, para funcionar no período noturno. Números De acordo com os dados consolidados, é possível saber que 47% da primeira turma de estudantes do curso participaram do sistema de bônus no vestibular da UFMG. Além disso, "dos alunos entrevistados, 69% estão no mercado de trabalho, sendo que, desses, 72% trabalham 40 horas ou mais por semana. A renda familiar de 65% desses estudantes chega até cinco salários míninos por mês, sendo que 25% declararam uma renda de até dois salários mínimos", escrevem os pesquisadores. O estudo revela ainda que 80% dos alunos do curso de Gestão de Serviços de Saúde são oriundos de escolas públicas, e 43% cursaram o segundo grau Ainda de acordo com a pesquisa, no aspecto raça/cor, a presença de brancos e negros no curso é considerada equitativa (51% de brancos e 49% de negros). Gestão de Serviços de Saúde, abriga, ademais, grande contigente jovem (a média de idade é de 28,6 anos) e feminino: as mulheres totalizam 83% dos estudantes. Quanto à escolaridade dos pais, 57% dos alunos declararam que tanto os pais quanto as mães possuíam o ensino fundamental. Dados são preliminares Acesse aqui o artigo. Artigo Autores
Na pesquisa aplicada, os professores esperaravam obter resposta de todos os primeiros 100 alunos, "que supostamente deveriam estar regularmente matriculados no ano de 2009", escrevem. Otiveram adesão de 87, mas explicam: a diferença decorreu do trancamento de matrículas e da recusa de um pequeno número deles em responder o questionário.
no período noturno. Na UFMG, a média de estudantes procedentes de escolas públicas é de 44,72%.
Pelo fato de se tratar de pesquisa sobre uma questão nova e que está em desenvolvimento, os autores do trabalho alertam que os dados "não permitem análises de tendências, bem como afirmações categóricas sobre os impactos do Reuni e do sistema de bônus no perfil dos estudantes do curso de Gestão de Serviços de Saúde". Mas, ainda que pontuando essa ressalva, eles consideram os resultados 'animadores", pois indicam que objetivos da UFMG de favorecer o acesso à instituição de segmentos historicamente excluídos, parecem estar sendo atingidos.
A experiência do Reuni na Escola de Enfermagem da UFMG: o perfil dos alunos do curso de Gestão de Serviços de Saúde
Cláudio Santiago Dias Júnior, Marília Alves, Maria José Menezes Brito (professores da Escola de Enfermagem da UFMG) e Michelle Nepomuceno Souza, aluna do curso de graduação Gestão de Serviços de Saúde e bolsista do programa Pronoturno da UFMG