Entender especificidades da epidemia de HIV no Brasil e mostrar que o país possui eficientes sistemas de informações em saúde capazes de responder às indagações sobre o perfil da população que morre em decorrência do HIV. Esses são os principais objetivos do trabalho que a professora Carla Jorge Machado e colaboradores, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais (Cedeplar), realizarão no âmbito do projeto Inequalities in Access to Health Care in Brazil and India: Closing the Gap for the Poorest-poor (Desigualdades no acesso à atenção em saúde no Brasil e Índia: desafios para a inclusão dos mais pobres) financiado pela instituição Economic & Social Research Council (ESRC), do Reino Unido. Segundo a pesquisadora, a incidência de HIV no Brasil é considerada uma epidemia concentrada em determinados subgrupos populacionais: usuários de drogas injetáveis; homens que fazem sexo com outros homens e profissionais do sexo. Para entender melhor essas especificidades da doença, Carla Machado utilizará formas alternativas de abordagem do tema, como o estudo das múltiplas causas de morte associadas ao HIV. “Uma das possibilidades é rastrear todas as causas de morte mencionadas pelo médico no certificado de óbito, para identificar aquelas que só poderiam ocorrer em pessoas com HIV, como por exemplo um tipo de câncer relacionado ao sistema imunológico”, comenta a professora, que pretende trabalhar com a base de dados Sistema de Informação de Mortalidade, do Ministério da Saúde. Sua pesquisa será voltada inicialmente para Minas Gerais, mas a intenção é ampliar para todo o país. O segundo objetivo do estudo – no âmbito do projeto trilateral que reunirá pesquisadores brasileiros, indianos e britânicos – é demonstrar que o Brasil possui um Sistema de Informação de Mortalidade incomum em países em desenvolvimento. “Esse banco de dados pode, inclusive, servir de modelo para outros países”, acredita a professora. Além do trabalho de Carla Jorge, outras pesquisas a respeito dos efeitos da desigualdade social sobre o acesso e as condições de saúde nas camadas mais pobres do Brasil e da Índia serão discutidas na próxima semana, na UFMG, durante o seminário Desigualdades em saúde no Brasil e na Índia: questões substantivas e metodológicas. O evento será realizado no auditório 2 da Faculdade de Ciências Econômicas, no campus Pampulha, nas manhãs dos dias 28 e 29 de junho. Leia mais sobre o projeto trilateral no Boletim UFMG. As inscrições para o evento são gratuitas e devem ser feitas na página do Cedeplar.